Vereadores de São Paulo se articulam para iniciar uma CPI contra organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, na região central da capital paulista. Mesmo não fazendo parte de nenhuma, um dos alvos deve ser o padre Júlio Lancelotti.
O sacerdote foi conselheiro do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, uma das instituições foco da CPI. Soa como um malabarismo para colocá-lo na mira da desconfiança, ele já taxado de "padre esquerdista" por políticos da extrema-direita. A pauta social vira moeda política em ano eleitoral.
O padre é uma figura conhecida pelo trabalho que realiza com a população em situação de rua e adictos. Do papa Francisco à Ordem dos Advogados do Brasil, muitos exaltam os esforços do pároco. São mais de 40 anos lutando em favor de uma população vulnerável e, muitas vezes, esquecida. As ações do Executivo são, muitas vezes, sempre de repressão. Promover saúde e dignidade são segundo plano.
Cabem, então, algumas perguntas. As tais denúncias gravíssimas contra ele, se reais ou com indícios concretos, não deveriam ser apuradas pela Polícia, ou pelo menos, tornadas públicas antes da CPI? Não seria mais proveitoso, de tempo e recurso, cobrar da Prefeitura e do Estado, que realmente tem responsabilidade legal de cuidar da população, resoluções efetivas? Solidariedade virou crime? Já escutamos essa história antes.