Um homem de 46 anos morreu na manhã do sábado, 27, após comer o fígado de um baiacu no município de Aracruz, no Espírito Santo. Magno Sérgio Gomes, de 46 anos, estava internado desde meados de dezembro do ano passado em decorrência da ingestão do peixe.
Segundo familiares da vítima, a causa da morte teria sido envenenamento. Magno passou 35 dias internado após comer o fígado do baiacu com limão e sal. Ele começou a passar mal cerca de 45 minutos após a refeição.
Magno teria primeiro apresentado reação de dormência na boca. Mesmo assim, conseguiu dirigir, acompanhado da esposa, até um hospital, onde teve uma parada cardíaca que durou cerca de oito minutos.
A gravidade do quadro fez com que ele fosse entubado e transferido para um hospital em Vitória, capital do Espírito Santo, distante 89 km de Aracruz.
Após três dias de internação, Magno sofreu diversas convulsões que, segundo a irmã, acabaram afetando seu cérebro.
Ele havia ganhado o peixe de presente de um amigo em 22 dezembro do ano passado. Juntos, haviam limpado o baiacu para fazer o preparo. O amigo também passou mal, mas teve alta do hospital uma semana após a internação.
Apesar de ser um dos peixes mais venenosos do mundo, a carne de baiacu é um ingrediente tradicional na culinária de vários países asiáticos, como Japão, China e Coreia do Sul.
Cozinheiros experientes e especializados na iguaria começam o preparo retirando cuidadosamente o fígado do peixe, onde se concentra a tetrodotoxina. Caso a extração do órgão não seja feita de forma cuidadosa, o veneno pode contaminar a carne do animal.
A tetrodotoxina é uma neurotoxina encontrada nos peixes da família Tetraodontidae, que compreende aproximadamente 130 espécies de animais. Seus representantes são normalmente denominados como baiacu ou peixe-balão.
O envenenamento pela toxina após a ingestão dos peixes é amplamente estudado pela ciência. A tetrodotoxina ataca diretamente o sistema nervoso central da pessoa que tiver ingerido a carne contaminada.
No Japão, país onde o peixe é uma iguaria chamada de fugu, há uma certificação específica para que os cozinheiros possam prepará-lo, concedida após uma rigorosa etapa de treinamento.
Os primeiros efeitos de intoxicação pela tetrodotoxina costumam aparecer até 20 minutos após a ingestão da carne do peixe. O primeiro sinal registrado geralmente é dormência na língua e na boca, podendo se espalhar para outras extremidades do corpo.