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A quem cabe informar sobre redução de viagens diárias de ônibus, sobre o tamanho das frotas nos terminais, sobre o contigente de motoristas que pilotam o transporte coletivo de Fortaleza?
A manchete do O POVO dessa sexta-feira é clara: "Ônibus de Fortaleza: mais da metade das linhas sofre redução de viagens". A fonte da informação é a Prefeitura de Fortaleza. Mas ao mesmo tempo não é.
Inicialmente, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) foi questionada sobre a já sentida redução no número de viagens em linhas de ônibus da Capital. Duas vezes. Sem resposta, o repórter Kleber Carvalho fez uso de uma subestimada qualidade no jornalismo: a criatividade.
O Catálogo de Serviços da Prefeitura de Fortaleza traz todos os horários das 300 e tantas linhas de ônibus de Capital, em qualquer data que se deseje. Bastou diligentemente contar, de um por um, e levar para o Excel.
Hoje, o fortalezense sabe que mais da metade das linhas de ônibus sofreu redução de jornadas diárias. Sabe que em algumas linhas houve queda de mais de 40%. Sabe que motoristas de ônibus foram demitidos. Sabe que a frota foi reduzida.
Sabe porque uma negativa não é resposta suficiente para o Poder Público. Cabe ao cidadão cobrar por transparência. O jornalismo só supriu esse vácuo.
Governar não se resume a mostrar o rosto para o que há de bom e virar a cara para esconder o ruim.
É sobre responsabilidade. É sobre transparência.