São muitos os diálogos impactantes da série "Adolescência", produção que ocupa o topo das obras mais assistidas da Netflix desde o dia 13 de março. Um deles mostra a angústia dos pais de Jamie Miler, jovem de 13 anos acusado de matar uma colega de sala. Cheios de dúvidas e culpas, lamentam: "Ele não saía de casa. Nós pensávamos que ele estava protegido".
O sucesso da trama tem, claro, influência da qualidade da produção de quatro episódios, filmada em planos-sequência com atuações tão reveladoras quanto a do estreante Ower Cooper. Mas a repercussão ganha outra dimensão quando o roteiro foca nos atuais perigos do mundo cibernético.
Talvez tenha sido a primeira vez que alguns espectadores se depararam com expressões como "incel" e "redpills", termos conhecidos em comunidades masculinas digitais que incitam violência contra as mulheres. Ou saibam que, agora, o bullying cibernético pode ser velado com símbolos que possuem códigos próprios.
A narrativa retrata, numa maneira muito próxima, dilemas que vivemos em nossas casas, escolas, empresas. Mostra que estes aparelhos eletrônicos do cotidiano têm riscos silenciosos que podem causar crimes reais.
Os poucos capítulos deram à narrativa o recorde de minissérie mais assistida da plataforma porque evidenciam que ainda não sabemos lidar com estas questões "Adolescência" reforça que, enquanto a discussão não avançar, não teremos segurança.