O mundo, por mais uma semana, assistiu atônito à guerra comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra seus parceiros comerciais. Embora ele tenha anunciado uma pausa de 90 dias nas tarifas mais elevadas para diversos países, acirrou o embate com a China.

Para dar noção desta escalada, se, na segunda-feira, 7, o cenário era os EUA impondo uma taxa de 104% aos produtos chineses, em resposta à taxação de 34% de Pequim; na sexta-feira, 11, já se falava em tarifas recíprocas de 145% e 125%, respectivamente. O que, obviamente, inviabiliza a transação comercial entre os países.

É algo que já vinha sendo alertado pelos economistas, pela própria China, e que agora começa a assustar também as grandes empresas de tecnologia, que vinham dando apoio a Trump em sua empreitada. Afinal, não se faz uma indústria, que dirá um país, autossuficiente da noite para o dia.

E é diante desta pressão que, ontem, o presidente americano deu seu primeiro recuo em relação aos produtos chineses, ao isentar telefones, computadores e chips importados das tarifas.

Mas, se a racionalidade por trás dos planos tarifários de Trump é difícil de ser compreendida, a tentativa de manipulação do mercado financeiro por ele não é. Pelo contrário, é cada vez mais clara - e atende pelo nome de insider trading, que é quando uma pessoa usa informações privilegiadas para comprar ou vender ações de uma empresa a fim de obter ganhos financeiros com a negociação desses ativos.

Afinal, qual outra explicação para postagem feita por Trump, em rede social própria, sinalizando para os seus seguidores que aquele era "um ótimo momento para comprar" e menos de quatro horas depois anunciar a pausa nas tarifas? Naquele dia, as ações dispararam e fecharam em alta de 9,5%.

A manobra dá sinais claros de que, nesse jogo, a política "American First" tem uma lista de prioridades e o povo americano não é uma delas.