Morreu na madrugada desta quinta-feira, 24, o músico e multiartista Edy Star, aos 87 anos. Ele estava internado em estado grave em um hospital de São Paulo após sofrer acidente doméstico. A informação foi confirmada por Ricardo Santhiago, jornalista, biógrafo e amigo de Edy Star.
“Edy viveu como quis — com arte, coragem e liberdade — e sempre merecerá nosso aplauso. Agradecemos profundamente todas as manifestações de carinho, solidariedade e mobilização nos últimos dias. Em breve, informaremos os detalhes sobre o funeral”, escreveu em postagem compartilhada no perfil do cantor no Instagram.
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Edy Star havia chegado ao hospital em estado gravíssimo, segundo Santhiago, e havia sido submetido à diálise. Em postagens anteriores, ele havia alertado para o risco iminente de falência renal do artista. Até a publicação desta matéria não existiam informações sobre o funeral.
Na última quarta-feira, 23, Ricardo Santhiago publicou em seu perfil no Instagram a informação de que Edy Star havia sofrido acidente doméstico há quase uma semana. Segundo o jornalista, ele esperou por bastante tempo em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e seu estado de saúde se agravou rapidamente, com risco de falência renal àquela altura.
Edy Star foi transferido para o Hospital Heliópolis “após muita espera e angústia”, mas a transferência precisava “se concretizar em cuidados imediatos”. Ele tinha sido admitido no hospital na terça-feira, 22, mas aguardou mais de 12 horas “por uma ambulância que nunca chegou”.
Por isso, o jornalista fez campanha nas redes sociais para mobilizar ajuda urgente ao cantor. Na tarde de quarta-feira, 23, Ricardo Santhiago revelou que Edy Star estava sendo tratado em caráter emergencial no Hospital Heliópolis, mas a situação ainda era crítica.
O artista não tinha vaga garantida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e precisaria de sessões intensivas de diálise. “É fundamental mantermos atenção total e garantir que o Hospital assegure sua vaga e a continuidade do seu tratamento”, afirmou Santhiago.
O anúncio do falecimento de Edy Star ocorreu por volta de 12h30min desta quinta-feira, 24.
Morre Edy Star: parceiro de Raul Seixas e símbolo do glam rock nacional
Nascido em Juazeiro (BA) em 1938, Edy Star foi cantor, pintor, ator, diretor, figurinista e apresentador, entre tantas funções assumidas ao longo da vida. Ele ficou conhecido pelo grande público em 1971 quando dividiu com Raul Seixas, Miriam Batucada e Sérgio Sampaio o disco da Sociedade da Grã-Ordem Kavernista.
Edy também ficou conhecido por suas apresentações que misturavam estilos debochados de teatro e desafiavam convenções sociais sobre sexualidade. Foi um dos primeiros artistas brasileiros assumidamente gays de forma pública.
Em 1974, lançou seu primeiro disco, “Sweet Edy”, no qual interpretou canções como “Edith Cooper”, de Gilberto Gil, “O conteúdo”, de Caetano Veloso, e “Claustrofobia”, de Roberto Carlos. O álbum foi relançado quase quatro décadas depois.
Como pontuou em 2012 o jornalista, crítico musical e editor-adjunto do Vida&Arte, Marcos Sampaio, “Edy fez fama por onde passou usando sua vasta cabeleira, calças coladas ao corpo malhado, maquiagem pesada e rebolado irrefreável”.
“Edith Cooper”, de Gilberto Gil, “O conteúdo”, de Caetano Veloso, e “Claustrofobia”, de Roberto Carlos.
Em 2024 foi lançado o documentário “Antes que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star – O Filme”, de Fernando Moraes. O longa-metragem revisita a carreira de um dos primeiros artistas do underground no Brasil, o “Movimento Glam”, do qual é considerado um dos ícones.
Recentemente foi lançada pelo historiador e jornalista Ricardo Santhiago a biografia “Eu só fiz viver - A história oral desavergonhada de Edy Star”. O músico também estava divulgando um projeto de financiamento coletivo para lançar um álbum só com músicas de Raul Seixas.