O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 19, que Rússia e Ucrânia "começarão imediatamente" negociações para um cessar-fogo, após manter uma ligação telefônica de mais de duas horas com seu par russo, Vladimir Putin.
Putin afirmou, por sua vez, que estava disposto a trabalhar com a Ucrânia em um "memorando" sobre um "eventual futuro acordo de paz", mas não aceitou o cessar-fogo incondicional de 30 dias que Trump buscava.
Trump prometeu durante a campanha eleitoral que poderia acabar com o conflito, iniciado em fevereiro de 2022, em 24 horas, mas seus esforços, quatro meses após ter assumido, ainda não deram resultado.
"Acabo de terminar minha ligação de duas horas com o presidente Vladimir Putin (...) Acredito que foi muito bem", publicou Trump em sua plataforma Truth Social.
"Rússia e Ucrânia começarão imediatamente negociações rumo a um cessar-fogo e, mais importante ainda, ao FIM da guerra", anunciou.
O "tom e o espírito da conversa foram excelentes", acrescentou o magnata republicano.
Embora, em um evento na Casa Branca, Trump tenha soado menos confiante ao mencionar seu homólogo russo: "Acredito que alguns progressos foram feitos".
"Espero que tenhamos conseguido algo (...) estamos tentando encerrar toda essa questão", disse no Jardim das Rosas.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, pediu, em uma ligação separada, que Trump não tomasse nenhuma decisão "sem nós", em referência ao seu país.
– No "caminho certo" –
Por sua parte, Putin qualificou a conversa com Trump como "útil", "muito instrutiva e muito franca", ao falar com a imprensa ao final da ligação.
"A Rússia proporá e está disposta a trabalhar com a parte ucraniana em um memorando sobre um eventual futuro acordo de paz".
Ainda precisam ser definidos "vários pontos", acrescentou, "como os princípios da resolução, os prazos para a conclusão de um acordo de paz, etc., incluindo um possível cessar-fogo por tempo determinado, caso os acordos correspondentes sejam concluídos".
Putin disse que as conversas com Kiev, na semana passada em Istambul, colocaram o mundo "no caminho certo" para uma resolução do conflito, mas que ainda eram necessários mais compromissos.
Zelensky conversou com Trump antes e depois da ligação com Putin e pediu ao mandatário americano que endurecesse as sanções contra a Rússia caso ela se recusasse a um cessar-fogo.
"Pedi que ele não tomasse nenhuma decisão sobre a Ucrânia sem nós antes de sua conversa com Putin", disse o presidente ucraniano a jornalistas.
Além disso, descartou retirar tropas de zonas do leste e sul da Ucrânia controladas por Kiev, em rejeição às exigências russas para pôr fim à invasão.
Nas redes sociais, Trump disse que havia "informado" Zelensky, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e os líderes da França, Alemanha, Itália e Finlândia sobre a retomada dos diálogos de paz, em outra ligação imediatamente após a conversa com Putin.
Após as declarações da Ucrânia de que a Rússia lançou um ataque com um número recorde de drones contra seu território no domingo, a Casa Branca advertiu nesta segunda-feira que Trump estava "cansado e frustrado" com a lentidão das negociações.
A Ucrânia e seus aliados europeus acusam Putin de ignorar os pedidos de cessar-fogo e têm pressionado por novas sanções contra a Rússia.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que novas medidas ainda estavam sendo consideradas caso a Rússia não chegasse a um acordo.
Trump ainda esperava poder se reunir com Putin, acrescentou, depois que o presidente americano declarou que as conversas cara a cara eram a única maneira de encerrar o conflito.
– "Marionetes" –
Delegações da Rússia e da Ucrânia se reuniram na semana passada na Turquia pela primeira vez em cerca de três anos. As conversas terminaram sem um acordo de cessar-fogo e com acusações de Kiev a Moscou de ter enviado uma delegação de "marionetes", sem poder de decisão.
Rússia e Ucrânia concordaram na Turquia em trocar 1.000 prisioneiros de cada lado.
O republicano considerou a possibilidade de se juntar às conversas de paz em Istambul na semana passada, caso houvesse a oportunidade de se reunir com Putin, mas o líder russo não compareceu.
Antes da ligação telefônica desta segunda-feira, Zelensky voltou a pedir um cessar-fogo "completo e incondicional".
O Vaticano – onde Leão XIV foi recentemente eleito como o primeiro papa norte-americano – estaria "muito interessado" em ser a sede do diálogo entre Rússia e Ucrânia, acrescentou Trump no Truth Social.
O próprio Trump, Zelensky e líderes europeus saudaram nesta segunda-feira a oferta do papa para sediar um diálogo entre Moscou e Kiev, segundo a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.