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MC carioca preso em operação vinha fazer show em festa do CV no Ceará
Farol

MC carioca preso em operação vinha fazer show em festa do CV no Ceará

Prisão aconteceu durante a 2ª fase da operação Nocaute, da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), nesta sexta-feira, 23. Outro cantor foi preso durante as ações. A investigação revelou que eles eram contratados para compor músicas que exaltavam o grupo, citando líderes, territórios e incentivando crimes violentos
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Foto: Reprodução/Instagram "MC Dym" produzia músicas que exaltavam facção

Um cantor carioca identificado como Francisco Anderson Mendes, 31, o ‘MC Dym’, foi preso na manhã desta sexta-feira, 23, em uma operação da Polícia Civil do Ceará (PC-CE). Ele iria cumprir uma agenda de shows em festas promovidas pela facção criminosa Comando Vermelho (CV) em Fortaleza e no município de Acaraú, no interior do Ceará.

O suspeito foi capturado por policiais civis da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) no momento em que desembarcava de um voo vindo do Rio de Janeiro, no aeroporto de Fortaleza, no bairro Serrinha.

O cantor iria se apresentar em uma festa no bairro Granja Portugal, na noite desta sexta-feira, 23. O funkeiro chegou a compartilhar a agenda nas redes sociais, no entanto, sem divulgar o local do evento.

Conforme o delegado da Draco Thiago Salgado, os locais das festas da organização são divulgados apenas em grupos internos. As investigações apontam que o evento iria reunir membros, lideranças e simpatizantes do CV. “Não tenha dúvida que as pessoas que vão lá para exaltar o crime organizado”, disse o delegado.

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Ainda segundo Thiago Salgado, os eventos também são apontados como locais para uso de drogas, tráficos de drogas e posse ilegal de armas de fogo. Além do funkeiro, um segundo cantor carioca foi preso na operação, o “MC Dick”, identificado como Carlos Eduardo de Lima Pires, de 27 anos. O cantor foi preso por agentes civis na comunidade da Majer, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.

A investigação revelou que os MCs eram contratados para compor músicas que exaltavam a facção no Ceará, citando líderes, territórios e incentivando crimes violentos há pelo menos dois anos.

O contato com os funkeiros se deu por meio de uma liderança do CV no Ceará que, atualmente, encontra-se preso no Estado desde o ano passado. Ele teria iniciado o contato com cantores quando ainda estava em liberdade.

Nas melodias, as lideranças da organização no Estado davam sugestões de direcionamento de algumas músicas de acordo com as atividades do grupo. Entre elas, a tomada de territórios rivais, execução de membros de facções rivais, como a Guardiões do Estado (GDE) e a Massa.

Nas composições, também eram exaltados as lideranças do CV no Estado, como ‘Skidum’, chefe do CV no Pirambu, o ‘Zequinha’, que já encontra-se preso, e demais nomes que estão, inclusive, incluindo na lista de mais procurados do Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Os agentes confirmaram que ficou demonstrado o conhecimento dos cantores com o cenário da facção no Ceará. Os funkeiros cariocas foram presos por integrar organização criminosa.

As investigações revelaram que eles tinham um papel estratégico na promoção da organização, criando conteúdo articulado com a liderança para romantizar a participação no crime e até promover novos membros.

Operação prende 20 suspeitos e apreende 12 kg de drogas

A operação prendeu 20 pessoas, sendo 12 capturados em Fortaleza em Caucaia, na Região Metropolitana, um no município de Itarema, outros seis em unidades prisionais e um no estado do Rio de Janeiro. Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos 12 quilos de drogas, entre maconha e cocaína, e R$ 12 mil em espécie e aparelhos celulares.

Foram utilizados na operação aproximadamente 39 equipes policiais e no efetivo total de 120 policiais civis. O delegado-geral da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), Márcio Gutiérrez, disse que a lei do crime organizado, criminaliza não só o fato de integrar uma organização, mas também o fato de promover ou financiar essa organização criminosa.

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“No caso deles, eles estavam trabalhando no sentido de promover realmente, de fazer publicidade. Isso para a organização criminosa, para a facção criminosa, é buscar romantizar a participação nesse tipo de grupo criminoso para cooptar mais pessoas para integrarem o grupo”, disse Gutiérrez.

A operação foi intitulada de ‘Nocaute II’ e coordenada pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil do Ceará.

A primeira fase da operação foi realizada no dia 22 de abril e prendeu 15 pessoas integrantes de grupos criminosos que atuavam em Fortaleza. As prisões aconteceram nos bairro Vila União, Antônio Bezerra e Centro.

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