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As guardiãs da tradição e da cultura dos povos
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As guardiãs da tradição e da cultura dos povos

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Tipo Notícia
ELIZABETH Cruz da Silva, líder da comunidade Tapeba dos trilhos, e Lucilene de Oliveira (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA ELIZABETH Cruz da Silva, líder da comunidade Tapeba dos trilhos, e Lucilene de Oliveira

Para essa reportagem, O POVO visitou a comunidade indígena de etnia Tapeba, na Aldeia do Trilho, no município de Caucaia. Lá, fomos recebidos por Elizabete Cruz, conhecida como Bete Tapeba, líder da aldeia e artesã, e Lucilene de Oliveira, responsável pelo horto da área.

Elas fazem parte do grupo Guardiões da Medicina Tradicional do Povo Tapeba, responsável pela manutenção dos ensinamentos dos troncos velhos (nome dado aos mais velhos) relacionados ao uso das plantas medicinais. São mais de 20 mulheres, além de homens, juntos nesse trabalho.

Além das reuniões mensais, onde cada membro compartilha os ensinamentos dos seus antepassados, o grupo promove eventos em escolas e universidades, tem parceria com o posto de saúde da aldeia, além da criação de um livro com a catalogação de mais de 51 plantas medicinais.

"É a sabedoria do povo Tapeba. O nosso intuito é não deixar que a nossa medicina tradicional morra. É o ensinamento dos nossos ancestrais. A gente troca saberes entre si, além de experiências e pesquisas. No começo a gente fazia caderninhos à mão e distribuía para todo mundo", comenta Bete Tapeba.

Lambedores, garrafadas e a retomada da utilização de plantas é uma realidade no grupo. "Nos reunimos muito com os troncos velhos, desde pequena fui acostumada a tomar remédio do mato e nunca perdi esse costume. Nosso objetivo é incluir os jovens para continuarem esse legado", explica Lucilene.

Bete Tapeba, que também é Conselheira Cultural de Caucaia e a primeira professora a iniciar uma escola na comunidade, enxerga a participação da juventude como ponto crucial para a permanência da tradição e a luta por reconhecimento aos povos originários.

Não só a sabedoria das plantas medicinais, mas o artesanato e o conhecimento das parteiras são alguns dos resgates da comunidade. Lucilene destaca que para além da medicina, as plantas são direcionadas também para a espiritualidade, e se sente muito realizada quando esse conhecimento circula.

"Existe muito apagamento. Tem gente querendo tomar isso para si, como se fossem descobertas novas. Poucos vêm até nós para aprender como usamos as plantas. Quando vêm a gente ensina; sempre foi assim", conclui.

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