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Onde está o real?
Farol

Onde está o real?

Nada se justifica, nem mesmo deve fazer aceitar a fama que certos autointitulados influenciadores têm, mas desvenda, mesmo que um pouco, as razões por que nomes como Virginia e Zé Felipe faturam diariamente com a mínima atualização das vidas pessoais
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Influenciadora Virgínia e cantor Zé Felipe anunciaram o fim do casamento em publicação nas redes sociais (Foto: Reprodução/Instagram @virginia)
Foto: Reprodução/Instagram @virginia Influenciadora Virgínia e cantor Zé Felipe anunciaram o fim do casamento em publicação nas redes sociais

Lembro de, na adolescência, torcer e acompanhar casais fictícios de séries se tornarem reais. Uma jogada de marketing para promover seus trabalhos e faturar ainda mais com campanhas publicitárias? Talvez, sim, mas que funcionava já que, na época, era divertido "testemunhar" um conto de fadas da realidade.

Os anos passaram, a televisão cada vez mais se parece com a sala de casa e a internet se desenvolveu convergindo aos detalhes do cotidiano. Todas essas aproximações, no entanto, não impediram que o ser humano seguisse em busca de um conto de fadas que o tirasse da realidade.

Hoje, é raro não encontrar alguém - ou a si - passando horas assistindo à rotina do amigo, do artista favorito ou do desconhecido com uma vivência diferente da sua, mas que te satisfaz pelo "simples" compartilhamento do dia a dia. Essa espetacularização da intimidade, tal como um reality show com câmeras até no banheiro, gera lucros extraordinários.

Nada do que falei justifica, nem mesmo deve fazer aceitar a fama que certos autointitulados influenciadores têm, mas desvenda, mesmo que um pouco, as razões por que nomes como Virginia e Zé Felipe faturam diariamente com a mínima atualização das vidas pessoais.

Um casamento repentino, nascimentos dos filhos, reforma da mansão, abertura de empresa, depoimento ao Senado e, agora, uma separação súbita. Um roteiro de série com direito a romance, drama, reviravoltas e suspense. Sair da própria realidade para acompanhar a dos outros parece, sim, ser mais emocionante. Uma diversão perigosa para quem assiste e um faturamento inimaginável para quem não possui qualquer resquício de privacidade.

 

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