Concluídos os meses da quadra chuvosa, o Ceará possui 75,5% de seu território apresentando algum tipo de seca. Os dados foram divulgados no mapa de maio do Monitor de Secas do Brasil e indicam o cerca de 73,96% da área total do Estado com seca fraca e outros 1,54% em condição moderada.
O cenário representa um crescimento na área de seca em relação ao mês anterior, abril, quando 54,92% da Terra da Luz tinha alguma condição do tipo detectada. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), uma das autoras do mapa, a explicação para esse acréscimo está na irregularidade das chuvas a partir do mês quatro.
"As chuvas no Estado do Ceará se concentraram na parte mais norte do Estado e isso fez com que, especialmente a partir de abril, a gente percebeu indícios de que a seca estava começando a voltar no território cearense", explica o meteorologista da Funceme, Leandro Valente Jacinto, que também atua no monitor de secas.
As secas fracas que atingem a maior proporção do Estado são caracterizadas como de "curto prazo", termo que indica locais onde os impactos se restringem à produção agrícola e criação de animais. Os primeiros indícios são a perda de culturas para pequenos agricultores, devido à falta ou à inscinstância de chuva.
No caso da seca moderada, presente em cidades do extremo sul cearense, como Salitre, a 572 quilômetros de Fortaleza, os impactos tendem a ser mais graves, com problemas na ecologia e hidrologia local. Apesar da vasta expansão pelos territórios Centro e Norte do Ceará, a estiagem não deve gerar grandes problemas para o Estado. Segundo a Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), o abastecimento humano não deve ser comprometido e os impactos na agricultura tendem a ser mínimos.
As secas de curto prazo não geram impactos nos grandes reservatórios de água, como Castanhão, Orós e Banabuiú, três maiores do Estado e de funcionamento estratégico para a população. "Nós temos 12 bacias hidrográficas das quais apenas duas bacias nos preocupam (sertões de Crateús e Banabuiú). [...] As outras estão muito confortáveis em relação ao estoque de água. Se precisarmos vamos poder distribuir essa água conforme as demandas", assegura o secretário executivo de planejamento e gestão interna da SRH, Ramon Rodrigues.