Com o discurso de que o brasileiro não pode arcar com mais impostos, os parlamentares do Congresso, com a contribuição de todos os partidos, derrubaram o decreto do IOF do Governo Federal, mas, no mesmo dia, aumentaram o gasto com a ampliação do número de deputados. Ainda tinham proposto acúmulo de salário e aposentadoria deles próprios, e votaram para incrementar o fundo partidário.
A crise entre o governo e os congressistas é mais forte até mesmo que à época do impeachment de Dilma Rousseff. O 'centrão' da questão está nas emendas, que não eram para ser, mas se tornaram impositivas, e sem transparência. Chegam até a ser usadas para asfaltar rua de condomínio de luxo. Viraram moeda de troca e motivo de chantagem por parte de deputados e senadores. Eles, ou as emendas, são quem hoje governam este País
O governo não consegue passar o que quer fazer para a população. Com os parlamentares até se chegou a fechar acordo. Mas o prazo de liberação das emendas falou mais alto e o que parecia estar tudo bem encaminhado acabou ruindo. Ou seja, a conta do governo vai ficar mais difícil de fechar.
Um governo que quer manter a valorização real de salário mínimo, com pensões e benefícios atrelados a esse aumento, não vai conseguir fechar a conta do arcabouço fiscal se as medidas não passarem pelo Legislativo. Aliás, vai, mas graças a um contingenciamento já feito de R$ 30 bilhões, que já vem afetando fiscalizações pelo País. Vão cortar onde não queriam: na saúde, na educação, na segurança.
Chegar na isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, favorecendo os de R$ 7 mil, também vai ser difícil diante do Congresso atual. A compensação tem de vir de algum lugar. E, por enquanto, taxar quem ganha acima de R$ 1 milhão ano e bets, por exemplo, vai ficar na gaveta. Com o cenário de crescimento atual da dívida pública do governo Lula, o shutdown nas contas vem aí.