O som das vozes, dos batuques e das palmas ecoou no ato de mobilização em preparação para a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, realizado no fim da tarde desta sexta-feira, 4, na praça da Gentilândia. A marcha acontece em Brasília no dia 25 de novembro com foco em questões como racismo, desigualdade de gênero e busca por reparação histórica e bem viver.
O ato contou com a presença da titular da Secretaria da Igualdade Racial do Ceará, Zelma Madeira; da vereadora Mari Lacerda e da ouvidora geral externa da Defensoria Pública do Ceará, Joyce Ramos.
Organizado pelo Comitê Impulsor do Ceará, o ato reuniu 40 mulheres de diversas organizações, como Rede de Mulheres Negras do Ceará, Inegra, Cedeca Ceará, Feira Negra, Mulheres Negras Resistem, MNU, Coletivo Meraki do Gueto, Coletivo Vozes, Grunec, Frente de Mulheres do Cariri, Renfa, Terreiro das Pretas, Ouvidoria Externa da Defensoria Pública, Kizomba e Coletivo Negritude.
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Segundo Luciana Lindenmeyer, membro da Rede Mulheres Negras, os atos e a marcha em Brasília acontecem em prol de avanços para que mulheres negras saiam das estatísticas ruins, desde o feminicídio, violência obstétrica, até trabalhos subalternizados e encarceramento.
“Nossa expectativa é reunir 1 milhão de mulheres negras até novembro para participar desse movimento de luta pelas nossas demandas que ainda são invisibilizadas. A gente espera que isso tenha avanço para mostrar que nós queremos uma outra sociedade, que proporcione o bem viver a todas as pessoas”, disse.
Conforme Lindenmeyer, a expectativa é que o comitê estadual siga planejando e lançando os comitês impulsores nos municípios para que a mobilização siga em crescente e mais mulheres possam aderir à luta. Por isso, os coletivos seguem com trabalhos para que possam marcar presença na marcha nacional.
Em seu discurso, Zelma Madeira engrandeceu as presentes dizendo que “cada mulher negra vive naquela lógica de ‘quando uma sobe, puxa a todas’. Se eu sou é porque vocês são, juntas somos mais fortes, estou no cargo de secretária como forma de mostrar que nós precisamos ocupar estes espaços, não é fácil, mas é necessário”.
Além de mulheres de Fortaleza, se fizeram presentes mulheres de cidades vizinhas e vindas da região do Cariri. Como é o caso de Jaqueline Araújo, que veio de Juazeiro do Norte para o ato coletivo, e declarou que esse tipo de ação vem para dar cada vez mais visibilidade à causa das mulheres negras.
“Nós estamos aqui para alcançar políticas para que possamos ter uma vida melhor, com dignidade e qualidade de vida. Que nós possamos fazer ecoar a nossa representação, a nossa existência, pedir por políticas de reparação e principalmente por propostas que abracem as mulheres pretas do nosso país”, disse.