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Campanha reforça combate à APLV no Ceará
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Campanha reforça combate à APLV no Ceará

A APLV é uma reação imunológica à proteína do leite de vaca, comum nos primeiros anos de vida, que pode provocar sintomas como diarreia com sangue, vômitos, cólicas intensas, problemas de pele e até dificuldade no ganho de peso.
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FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 05-07-2025: Mutirão do Programa APLV, com atendimento às crianças com alergia à proteína do leite. A ocasião contou com a presença da Secretária de Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho.  (Foto: Fernanda Barros/ O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 05-07-2025: Mutirão do Programa APLV, com atendimento às crianças com alergia à proteína do leite. A ocasião contou com a presença da Secretária de Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

O Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), em Fortaleza, foi palco neste sábado,5, de um importante avanço no enfrentamento à Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) no Ceará. O mutirão, realizado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), atendeu 200 crianças previamente agendadas, cem da capital e cem do interior, em mais uma edição do Programa APLV, criado para garantir diagnóstico, acompanhamento especializado e fornecimento gratuito da fórmula alimentar às crianças com a condição.

A APLV é uma reação imunológica à proteína do leite de vaca, comum nos primeiros anos de vida, que pode provocar sintomas como diarreia com sangue, vômitos, cólicas intensas, problemas de pele e até dificuldade no ganho de peso. Em casos mais sensíveis, até mesmo o leite materno pode causar reações, quando a mãe consome derivados do leite na dieta.

Durante o mutirão, as crianças passaram por triagem de enfermagem, consultas médicas, avaliação nutricional e receberam as fórmulas especiais. O evento mobilizou 22 profissionais de saúde, entre médicos, nutricionistas, gastroenterologistas, alergologistas e enfermeiros.

A secretária da Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho, que acompanhou a ação, reforçou a importância da iniciativa: “Hoje temos cerca de 3 mil crianças em acompanhamento pelo programa. Os mutirões são estratégicos para reduzir o tempo de espera. Estamos cuidando não só da criança, mas de toda a família que lida com essa condição delicada”. Ela também anunciou avanços significativos: “Estamos retomando o teste de provocação oral, essencial para confirmar o diagnóstico com segurança. Também voltamos a ofertar exames como o prick test e as dosagens de IgE, para facilitar a identificação precisa dos casos. Isso mostra o fortalecimento do programa”.

Outro destaque foi o início da descentralização da entrega das fórmulas alimentares, com início na região do Cariri, por meio de uma parceria com os Correios.

“Queremos evitar que famílias do interior precisem se deslocar todos os meses até Fortaleza para buscar a fórmula. No Cariri, ela será entregue em casa. Essa logística será ampliada para outras regiões do Estado”, afirmou a secretária. Além disso, a Sesa prevê a criação de novos centros regionais especializados: “Nosso objetivo é montar serviços completos, com equipe multiprofissional, começando pelo Cariri. Queremos que as famílias tenham acesso ao atendimento próximo de casa, sem depender exclusivamente da capital”, completou.

O Governo do Ceará destinou R$ 231 mil para esta edição do mutirão e prevê um investimento de mais de R$ 23,9 milhões no programa em 2025. Atualmente, são distribuídas, em média, mais de 22 mil latas de fórmula por mês — um custo aproximado de R$ 2,5 milhões mensais.

A coordenadora estadual do Programa APLV, Aline Lacerda, destacou que o crescimento da demanda exige respostas rápidas e eficientes. “Hoje atendemos crianças de todos os 184 municípios do estado e 136 postos de Fortaleza. Só neste mutirão conseguimos ofertar 200 vagas, mas ainda temos cerca de 500 crianças na fila”.

Segundo Aline, o principal desafio é a abrangência: “Não é uma criança por município, são muitas. Nosso esforço é garantir atendimento especializado, inclusive onde não há alergistas ou gastroenterologistas”. Ela também comemorou os avanços recentes na estrutura do programa: “Voltamos a fazer o teste de provocação oral, que é o padrão-ouro para saber se a criança ainda precisa da fórmula. É realizado com segurança em ambiente hospitalar, porque algumas reações podem ser graves. Também ampliamos a equipe, com psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais”.“

O mutirão é uma oportunidade de acolhimento completo: avaliação clínica, nutricional e entrega da fórmula. Esse é um alimento essencial para crianças de até três anos. Para os bebês com menos de seis meses, é a única fonte nutricional. Por isso, essa ação tem impacto direto no desenvolvimento saudável da criança”, concluiu.

Depoimento de quem interessa: os usuários 

Angélica de Sá Barbosa, de Ubajara, descobriu a APLV do filho Lucas Rafael aos 40 dias de vida: “Foi muito difícil no início. Era tudo incerto, eu sentia medo o tempo inteiro. Só conseguimos a fórmula com ajuda de quem já estava no programa. Cada lata custava mais de R$ 300 e durava só quatro dias”. Agora, com o acompanhamento, ela se sente aliviada: “Ser atendida aqui me deu esperança. É um programa essencial, principalmente para famílias carentes. Mudou nossa vida”.

Maria José Santana, de Mauriti, a 477 km de Fortaleza, é mãe da pequena Mariana, de 9 meses. Ela enfrentou angústia até o diagnóstico. “Era muita diarreia com sangue. Tive que retirar tudo com leite da minha dieta. A fórmula era caríssima, R$ 300 por lata. Comprávamos com muito sacrifício”. “Desde que veio o diagnóstico, retirei totalmente o leite da minha dieta. Até hoje sigo firme, porque tudo o que eu como passa para ela pelo leite materno. Foi um choque no início, mas fui atrás de informação e me adaptei”, conta Maria José, que chegou ao local de atendimento às cinco da manhã.“ Quando saio com minha filha, levo tudo pronto. Pergunto os ingredientes de tudo que vou comer, porque qualquer contaminação pode fazer mal pra ela. É uma rotina cheia de cuidados”, explica.

 

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