O imbróglio envolvendo o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) envolveu os Três Poderes. O Executivo aumentou a taxação, o Legislativo derrubou o decreto e coube ao Judiciário resetar o jogo: Alexandre de Moraes suspendeu todos os decretos e vai colocar, na mesa de negociação, os presidentes Lula, Davi Alcolumbre e Hugo Motta.
A relação entre Governo Federal e Congresso Nacional atingiu o pior momento quando, no mesmo dia, os plenários de Câmara e Senado derrubaram um decreto presidencial pela primeira vez em 33 anos. Havia, dentro do Parlamento, a certeza que Lula e Haddad iriam aceitar a derrota, rapidamente admitida por deputados e senadores governistas.
Os dois, porém, souberam contra-atacar. Mesmo diante das ameaças de presidentes de partidos da base aliada - como Marcos Pereira e Antônio Rueda - o presidente e o ministro recorreram ao Supremo Tribunal Federal e, principalmente, à militância esquerdista.
O movimento, inflamado nas redes sociais, apontou a artilharia para o vaidoso Hugo Motta, que teve que recuar diante da pressão popular. Usuário assíduo das redes sociais, o presidente da Câmara postou na segunda-feira que o governo estava promovendo um 'nós contra eles'. Ontem, porém, Motta usou a frase 'o diálogo está vencendo'.
Já Alcolumbre, que faz tanta política dentro do Senado, reclamou da campanha política do governo, que achou, na crise, um mote para 2026: pobres x ricos. Pesquisas internas da presidência mostram que as reações positivas ao governo subiram em quase 40% após a crise do IOF.
A semana será de preparação para a reunião no dia 15 de julho. Na cabeceira da mesa estará Alexandre de Moraes, ladeado de Lula, Motta e Alcolumbre. Para os parlamentares, o melhor a fazer é estancar a sangria e segurar a crise. Para pensar em 2026, é preciso chegar forte lá e angariar votos necessários para voltar ao poder em 2027. A briga só deu votos a Lula.