Logo O POVO+
"Sou uma jovem pobre, usuária do SUS e tenho borderline": a busca de Nicole por dignidade e saúde mental
Comentar
Farol

"Sou uma jovem pobre, usuária do SUS e tenho borderline": a busca de Nicole por dignidade e saúde mental

Edição Impressa
Tipo Notícia
Comentar

Em meio aos corredores do campus Itaperi da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Nicole Evelyn, 23, segue determinada no curso de Ciências Biológicas. Embora à primeira vista não pareça, ela é uma entre os cerca de 2 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que enfrentam um desafio invisível: o transtorno de personalidade borderline (TPB).

"Desde criança eu era muito ansiosa e depressiva. Como era da igreja, costumava orar para que Deus me levasse para morar com ele", conta. Nicole nasceu e cresceu em um contexto de vulnerabilidade socioeconômica e, até hoje, o único caminho possível para cuidar da saúde tem sido o Sistema Único de Saúde (SUS).

A universitária lembra que tinha apenas oito anos quando os primeiros sinais apareceram: "Tive alguns problemas com ansiedade que me levaram ao médico por pensar que seriam problemas cardíacos".

Apenas na adolescência, após um agravamento do sofrimento emocional, Nicole começou a entender melhor o que se passava. "Com 14, vi um vídeo na internet falando sobre borderline e parecia bastante com como eu me sentia."

Nicole foi encaminhada ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps) infantil, onde iniciou tratamento com psicóloga e psiquiatra. "A psiquiatra suspeitou que poderia ser ansiedade severa e depressão no começo", recorda.

O laudo oficial de TPB só veio seis anos depois, já na vida adulta, quando Nicole tinha 21 anos e seguia no Caps. "Depois de 6 anos, eu pude receber o laudo médico atestando o transtorno de personalidade borderline."

O que você achou desse conteúdo?