O condomínio San Francesco, localizado na rua Fiscal Vieira, no Joaquim Távora, em Fortaleza, foi interditado sob risco de desabamento. O responsável pela parte estrutural do prédio, engenheiro Pablo Torres, disse que, numa escala de zero a cinco, as chances do prédio desabar é de três.
Segundo ele, houve o recalque do prédio, que é quando a fundação do local começa a ceder por não ter apoio debaixo dela.
LEIA TAMBÉM | Fortaleza: Marinha faz resgate de indiano que passou mal dentro de navio japonês
Na última terça-feira, 1º, cerca de 32 famílias foram deslocadas pelo risco de desabamento. Uma equipe da Torres Construtora foi chamada na última semana para analisar o recalque do solo do condomínio.
Diante dos resultados, foram impostas 170 escoras no local e o deslocamento dos moradores foi solicitado. “Para que conseguíssemos fazer uma intervenção mais tranquila. O escoramento reduz o risco de desabamento", justificou o engenheiro.
Conforme ele, estão sendo feitos estudos para entender o motivo do recalque.
“A gente sabe que houve uma obra muito grande aqui da Cagece, mas a gente tem que fazer um estudo. A gente não sabe se essa obra interferiu na fundação do prédio. Após ser diagnosticada a situação de recalque, vamos proceder com os reparos estruturais, a fim de manter a saúde da edificação", concluiu Pablo Torres.
No local, a movimentação de pessoas era tranquila. No entorno, carros passam normalmente, as pessoas transitam com calma mas temerosas. Conforme um moradores das proximidades, o prédio foi erguido há 35 anos e nunca passou por uma manutenção, e que a primeira vez que foi feita uma intervenção foi na última terça-feira, quando o prédio começou a ser evacuado em virtude do risco de desabamento.
"Tinha gente que nem queria sair, teve outros que durante a semana foi retirando suas coisas", disse uma moradora do entorno que não quis se identificar. "Agora, a nossa preocupação maior é 'a gente pode passar por perto? como fica a nossa situação?', porque a gente não sabe o que de fato tem ali, porque os moradores não querem falar, e temos medo de uma tragédia maior e disso nos afetar mais diretamente".
Em nota, a Defesa Civil (DC) de Fortaleza informou que o prédio foi interditado na última sexta-feira, 4.
“Ao chegar no endereço, os agentes foram informados que os moradores já haviam sido evacuados, por orientação do engenheiro responsável pela obra que está sendo realizada na edificação”.
“Agora, a DC está analisando o laudo elaborado pelo engenheiro para então definir as próximas medidas que permitirão o reinício das obras em segurança”, finalizou a pasta.
Ao O POVO, o tenente-coronel coordenador da Defesa Civil de Fortaleza Haroldo Gondim informou que a entidade se reunirá com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e com a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC) para discutirem as estratégias para garantir a segurança da população.
"Marquei para amanhã uma reunião com o diretor de operação da AMC para que a gente possa avaliar a situação. Vamos demandar outros órgãos pra gente avaliar a situação de isolamento, de rua para saber se é possível ou não isolar, então é necessário avaliar. Nós recebemos um um laudo da construtora, então vamos analisar, talvez até fazer mais um laudo para ver a real situação", disse.
O Povo procurou a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) para entender como funciona o processo de inspeção em estruturas prediais, e por nota informou que a Lei Municipal nº 9.913, de 16 de julho de 2012, regulamentada pelo Decreto Municipal nº 13.616, de 23 de junho de 2015, determina a obrigatoriedade de vistoria técnica, manutenção preventiva e periódica em imóveis por profissionais ou empresas especializadas.
"A exigência é condição para a emissão do Certificado de Inspeção Predial (CIP), documento que atesta a segurança e a integridade estrutural do imóvel. É dever do proprietário manter o CIP dentro do prazo de validade e exposto em local visível, acessível para usuários e agentes públicos. O descumprimento da legislação implica autuação e aplicação de multa, com valores que variam entre R$ 1.631,65 e R$ 8.158,24", diz o comunicado.
A Agefis disse ainda que, no caso de microempreendedor individual (MEI), microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP), é enviada uma notificação com prazo de 30 dias para regularização. A população pode acionar a fiscalização por meio dos canais de denúncia: a Central 156, o aplicativo Fiscalize Fortaleza (disponível para Android e iOS) e o site. (Colaborou Gabriela Monteiro)