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Morre jornalista José Gervásio de Paula Lima, aos 82 anos
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Morre jornalista José Gervásio de Paula Lima, aos 82 anos

Gervásio iniciou a trajetória no Jornalismo em 1950, atuou no jornal O POVO e outros veículos de comunicação do Brasil
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GERVÁSIO iniciou a trajetória no Jornalismo em 1950 (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Foto: Divulgação/Arquivo pessoal GERVÁSIO iniciou a trajetória no Jornalismo em 1950

Morreu nesta quinta-feira, 10, o jornalista José Gervásio de Paula Lima, aos 82 anos. Velório será realizado na sede do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), no bairro Joaquim Távora, em Fortaleza

Gervásio iniciou a trajetória no Jornalismo em 1950, como aprendiz de revisor do jornal O Estado. 

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Passou por diferentes veículos de comunicação, como O POVO, Diário do Povo, Gazeta de Notícias, Tribuna do Ceará e Diário do Nordeste. Também atuou como correspondente de veículos de outros estados, como os jornais Em Tempo (SP), Tribuna da Imprensa, Opinião (RJ) e Jornal do País, além de colaborar com o Jornal do Brasil, Correio do Povo (Porto Alegre) e Correio Braziliense.

Gervásio foi o primeiro editor do jornal alternativo Mutirão, que circulou entre 1977 e 1982, "sendo um importante porta-voz dos movimentos sociais e um instrumento de resistência à ditadura militar". 

Conforme relatório da Comissão da Verdade do Ceará, destaca o Sindjorce, Gervásio foi detido no dia 15 de abril de 1974, em Fortaleza, no lugar de outro militante político, José de Paula.

Pelas redes sociais, o deputado estadual Renato Roseno (Psol) afirmou que recebeu com muito pesar a notícia da morte do jornalista. "Uma das grandes referências não apenas do jornalismo cearense, mas da própria luta em defesa da democracia e da liberdade de imprensa", escreveu.

 

Filha de Gervásio fala sobre o pai

Uma das filhas de Gervásio, a psicóloga Juliana Braga de Paula, contou como era a relação entre ela e o pai.

“Tinham três coisas que me aproximavam muito do meu pai: a militância, os livros e a música. Ele gostava muito de Adoniran Barbosa e Paulinho da Viola. Eu aprendi a gostar de samba com meus pais, até hoje sou apaixonada pelo samba”, conta.

Ela relembra que o pai gostava muito de cantores latino-americanos, como a argentina Mercedes Sosa e o cubano Pablo Milanés.

“Também tinha essa coisa dos livros, né? Eu fui uma criança que com dez anos já tinha lido a coleção do Monteiro Lobato. Com 13 anos eu li "Os Miseráveis", do Victor Hugo. O pessoal da escola me achava esquisita. E muito jovem eu comecei na militância", recorda.

"Ele era uma figura irônica e crítica. Então, ele era uma figura difícil para muitas pessoas, por causa dessa criticidade. Mas por outro lado, ele era um cara fascinante, porque ele era muito inteligente, ele tinha uma sagacidade grande", lembrou Juliana.

Para a psicóloga, o legado deixado pelo pai é o do jornalismo investigativo. “Esse jornalismo que tem uma pauta que não é comercial. Que serve para expor o que está escondido, o que está nas sombras”, afirma.

Outro ponto que a mesma considera importante é a coragem de criticar o que é pouco criticado, que o pai fazia.

“Inclusive a si mesmo. Uma coragem de fazer ironia com os seus próprios defeitos. Era um jornalismo crítico, bonito de se ver".

Ela continua: “E uma terceira coisa é o apego, a valorização de uma escrita mais elaborada. Uma escrita que vinha de uma influência dos clássicos da literatura (...) É o jornalismo implicado e que faz sentido, bem elaborado", finalizou a psicóloga e filha de Gervásio.

Alece presta minuto de silêncio como forma de homenagem

O Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) prestou, na manhã desta quinta-feira, 10, um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao jornalista e escritor cearense Gervásio de Paula. A homenagem foi solicitada pelo deputado De Assis Diniz (PT).

Em uma publicação nas redes sociais, o genro de Gervásio, João Alfredo,superintendente do Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace), destacou a trajetória do jornalista.

“Referência fundamental para jornalistas de várias gerações, Gervásio deixa como legado sua trajetória de coerência na luta democrática em nosso País. Ele que foi militante do velho Partidão. Seu texto escorreito, combativo e inteligente, assim como seu humor afiado, sua generosidade humanista e seu amor pelas filhas, netas e netos, farão muita falta nestes tempos duros de combate ao fascismo”, escreveu. (Colaborou Bárbara Mirele)

Atualizada às 20 horas

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