Uma mulher morta a tiros no dia 2 de maio deste ano dentro de um ônibus na avenida Sargento Hermínio, no bairro Monte Castelo, em Fortaleza, foi executada a mando de um chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Identificado como Rafael Ferreira de Castro, vulgo “Boquinha”, que comanda a região, vai a júri popular por ter ordenado o crime.
Conforme a investigação, a motivação do crime está ligada ao comportamento da vítima, Tarciana Moreira do Vale, que sofria de transtornos mentais e fazia uso de entorpecentes. A mulher tinha crises psicóticas e, diante dos episódios, apresentava comportamento agressivo, o que levava com que a Polícia Militar do Ceará (PMCE) fosse acionada.
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O aumento da presença de policiais na região passou a atrapalhar as atividades da facção criminosa local. O denunciado, insatisfeito com a situação, ordenou que a vítima saísse da região e efetuou ameaças, chegando a chutar o portão da casa da mãe dela.
A mulher chegou a registrar um Boletim de Ocorrência (BO) após as ameaças. As informações estão em uma denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), à qual O POVO teve acesso, contra o suspeito.
De acordo com os autos, a mulher foi morta após embarcar em um ônibus e ser surpreendida por dois adolescentes, de 15 e 17 anos, em duas bicicletas. No local, eles efetuaram disparos de arma de fogo contra a vítima que morreu dentro do transporte. Vídeos de câmera de segurança do ônibus registraram o crime. Outras pessoas não ficaram feridas.
Os suspeitos fugiram e foram localizados, junto com “Boquinha”, dois dias depois do crime, no município de São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O trio foi flagrado em uma confraternização em uma residência de frente para o mar no Pecém.
Eles foram conduzidos para a Delegacia Municipal de Caucaia, unidade da Polícia Civil do Ceará (PC-CE). O mandante do crime teve prisão em flagrante convertida em preventiva e os adolescentes foram lavrados o ato infracional ao crime de homicídio e de organização criminosa.
O Ministério Público classificou a motivação do crime como torpe, por se tratar da aplicação ilegal de uma espécie de “pena de morte” contra à mulher pelo os seus comportamentos vistos como inadequados pelo chefe da facção.
Além disso, Rafael cometeu duas vezes o crime de corrupção de menores e de integrar organização criminosa CV, exercendo a liderança da facção. O órgão ministerial apontou, por meio de denúncia, que a conduta de Rafael revela “péssima conduta social” e uma “personalidade fria e violenta”.
O Juízo da 6ª Vara da Comarca de Fortaleza, da Vara de Organização Criminosa, pronunciou, no dia 10 de julho deste ano, o réu Rafael Ferreira de Castro como autor do crime contra a vítima, Tarciana Moreira do Vale. A Justiça considerou ter indícios suficientes para que ele seja submetido ao Tribunal do Júri.