Criado como uma alternativa prática para transferências bancárias, o Pix tem se consolidado também como instrumento importante no combate à inadimplência no Brasil.
No Nordeste, o método de pagamento registrou um crescimento de 38% no número de acordos fechados para quitação de dívidas nos últimos 12 meses, de acordo com levantamento da Serasa. Só na região, 2,1 milhões de consumidores negociaram débitos utilizando a ferramenta.
A adesão ao Pix como forma de pagamento de dívidas reflete não apenas sua popularidade, mas também vantagens estruturais oferecidas aos consumidores, como baixa da negativação em tempo real e possibilidade de limpar o nome na hora.
Segundo Rodrigo Costa, executivo de contas sênior da Serasa Experian, o comportamento é parte de uma tendência nacional, impulsionada pela digitalização dos serviços financeiros e pelas facilidades oferecidas ao usuário.
“O Pix se tornou uma excelente ferramenta para reduzir a inadimplência, principalmente porque é um pagamento à vista, sem tarifa, com compensação instantânea. O consumidor limpa o nome na hora e, muitas vezes, consegue também religar serviços ou ter acesso ao crédito com mais rapidez”, afirma Rodrigo.
Na plataforma Serasa Limpa Nome, o Pix já responde por cerca de 70% dos pagamentos efetivados. Os estímulos por parte das empresas credoras também ajudam a explicar esse avanço: com a liquidação em questão de horas, muitos estabelecimentos oferecem descontos de 5% a 10% para quem opta pela modalidade. Na prática, o modelo agiliza o fluxo de caixa e reduz o tempo de regularização para o consumidor.
Apesar do aumento nas renegociações, o Nordeste ainda concentra altos índices de inadimplência. Só no Ceará, 51% da população adulta está com o nome negativado — são mais de 3,6 milhões de pessoas, segundo a Serasa. A maior parte das dívidas está relacionada a contas básicas, como água e energia, seguidas por compromissos com bancos, cartões de crédito e financeiras.
De acordo com o executivo, o perfil do consumidor inadimplente no Nordeste é marcado por renda limitada e dificuldade de acesso ao crédito tradicional. “Quando essas pessoas conseguem algum recurso, priorizam contas que permitem religação rápida de serviços ou regularização imediata. Por isso, o Pix aparece como uma escolha lógica, já que permite resolver tudo em questão de horas”, pontua.
A Serasa também observa que, mesmo diante do superendividamento — quando o consumidor deve mais do que consegue pagar — há esforço de renegociação. Neste cenário, o Pix aparece como alternativa segura e acessível, especialmente para microempreendedores e trabalhadores informais, predominantes na região.
Com o objetivo de ampliar o acesso às condições de negociação, a Serasa lançou uma ação especial voltada para o Nordeste, oferecendo parcelas a partir de R$ 9,90 e descontos de até 95%. Atualmente, há mais de 126 milhões de ofertas disponíveis na região. Desde junho de 2024, 254 mil consumidores nordestinos optaram por parcelar seus acordos, usando Pix ou cartão de crédito.
A expectativa da Serasa é que o uso do Pix se intensifique nos próximos meses, especialmente com a implementação do Pix Automático, que permitirá o agendamento de pagamentos recorrentes. A funcionalidade deve beneficiar consumidores com vida financeira mais estruturada, mas também pode incentivar novos perfis a aderirem à ferramenta como forma de organização.
Ele finaliza afirmando haver uma perspectiva positiva para o Pix, que vem se fortalecendo não apenas como meio de pagamento cotidiano, mas também como uma alternativa concreta para os brasileiros recuperarem sua saúde financeira.