A Escola de Cinema Indígena Jenipapo-Kanindé realiza, nesta terça-feira, 29, a aula inaugural de sua segunda turma. O evento acontece a partir das 18 horas no Galpão de Artesanato Tio Odorico, localizado no território indígena Aldeia Encantada, em Aquiraz.
A cerimônia contará com a presença de autoridades civis, lideranças indígenas, mestres da cultura, além de apresentações de coral, canto, rituais sagrados e o Toré — dança tradicional do povo.
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Segundo a presidenta da Associação das Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé, Claubiana Alves, a criação da escola surgiu da necessidade de o próprio povo registrar e contar sua história.
"Antes era muito difícil conseguir registros e nem todos os pesquisadores que vinham davam retorno. Então, vimos a necessidade de nós mesmos estarmos contando a nossa história e passando isso para as futuras gerações", explica.
Criada em 2018 com apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), a escola já capacitou cerca de 50 indígenas de todas as idades para atuarem no audiovisual, permitindo que eles contem suas histórias através da lente de uma câmera. Confira as fotos:
O curso tem duração de três anos, com aulas quinzenais que abordam teoria e prática documental. No curso os alunos aprendem sobre o manuseio de equipamentos, edição de vídeo e imagem, e construção de roteiro. Além disso, também participam de rodas de conversa com mestres da cultura local. Segundo o comunicador indígena, Iago Jenipapo:
"As aulas irão abordar os conceitos básicos da comunicação e do audiovisual, incluindo a cultura e ancestralidade indígena. A escola também tem o papel de registrar momentos históricos e importantes, para que as próximas gerações possam ver como foi a nossa e incentivá-los a dar continuidade."
A idade mínima para participar é 12 anos e, no momento, a formação é exclusiva para o povo Jenipapo-Kanindé. No entanto, o projeto prevê a expansão por meio de oficinas ministradas pelos próprios alunos — no decorrer do curso — em outros territórios indígenas, onde essa prática ainda é pouco acessível.
O projeto une tradição e tecnologia como forma de resistência e fortalecimento da cultura. “O principal objetivo hoje é fortalecer crianças e jovens nessa área do audiovisual e capacitá-los para que eles possam manusear esses equipamentos e contar a luta do nosso povo”, reforça Claubiana."
Entre os resultados do projeto está o curta-metragem “Festa do Mocororó”, produzido na primeira edição do curso. O filme, que retrata a cultura alimentar, os ritos e a espiritualidade do povo Jenipapo-Kanindé, foi vencedor do Prêmio Maracá no 1º Festival de Cinema Indígena do Nordeste, realizado pelo povo Xukuru, em Pernambuco.
A cerimônia começa às 18 horas, com os ritos sagrados ministrados por lideranças indígenas. Às 19 horas, terão início as apresentações de canto e do coral Nheengari Sambokar. Por fim, às 19h30, a mestra Cacique Pequena encerrará a noite com um show, cantando músicas de sua autoria.
Aula inaugural da Escola de Cinema Indígena Jenipapo-Kanindé
Data: terça-feira, 29 de julho
Horário: A partir das 18 =horas
Local: Galpão de Artesanato Tio Odorico, Aldeia Encantada, Aquiraz (CE)
Evento gratuito e aberto ao público