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Moradores celebram aniversário do Farol do Mucuripe e reivindicam gestão compartilhada
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Moradores celebram aniversário do Farol do Mucuripe e reivindicam gestão compartilhada

O desejo dos moradores é que o equipamento não seja apenas mais um ponto turístico, mas um espaço de cultura e lazer para a população
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MORADORES debateram em reunião a gestão compartilhada do farol (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS MORADORES debateram em reunião a gestão compartilhada do farol

Na semana do aniversário de 174 anos de funcionamento do Farol do Mucuripe, moradores e lideranças comunitárias do Titanzinho realizam três dias de celebração com o evento “Ocupa Farol Titanzinho: por uma gestão compartilhada”. A iniciativa, que foi realizada ontem, 29 e segue nos dias 1º e 2 de agosto, conta com momentos culturais, exposição de fotos, apresentações musicais e exibição de filmes.

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Mais do que uma festa, o evento é uma forma de diálogo com o poder público para reivindicar uma gestão compartilhada do equipamento histórico, atualmente em processo final de restauração. A principal reivindicação da comunidade é que o espaço não seja apenas um ponto turístico, mas se torne também um centro de cultura, memória e geração de renda local.

Segundo Cátia Lima, representante da Associação Comissão Titã e moradora da comunidade, o objetivo é garantir que o farol tenha um papel ativo na valorização da cultura e da economia criativa local.

“Nós não queremos ser funcionários do Estado, de forma alguma. Isso é papel deles. O que queremos é mostrar o nosso trabalho de cultura e turismo. Aqui temos vários artistas, além da pesca e do artesanato, que são as principais fontes de renda dos moradores”, afirma.

Ela destaca que o espaço deve refletir a identidade do território: “Temos artistas, pescadores, artesãos, gente que canta, que dança, grafiteiros e muito mais. Nosso desejo é que o Farol seja um centro cultural vivo, não apenas um espaço para visitação”.

André Aguiar, integrante da Associação de Moradores do Titanzinho e professor do IFCE, reforça que o farol é um símbolo importante não só para o Ceará, mas principalmente para a comunidade. “Ele é um ícone da nossa história. O farol nunca esteve abandonado por nós. Sempre foi cuidado, ocupado e usado para programações culturais pelos moradores, mesmo com o descaso do poder público”, destaca.

Segundo ele, a proposta de gestão compartilhada visa reconhecer essa presença histórica. “Queremos que o estado formalize um mecanismo de participação efetiva da comunidade, por meio de um comitê gestor que inclua tanto representantes do governo quanto das organizações locais”.

Sobre a programação do evento, André explica que se trata de uma inauguração simbólica. “O farol completa 174 anos agora e ainda não sabemos como será sua gestão oficial. Por isso organizamos esse evento para chamar atenção de que ele já possui uma programação cultural viva, pensada e realizada pela comunidade. Queremos que isso seja respeitado”. Veja as fotos:

O secretário executivo do Turismo do Estado, Gustavo Montenegro, que esteve presente na cerimônia de abertura, informou que a previsão de conclusão das obras é até o final de agosto. “A restauração está em fase final. A responsabilidade da obra é da Secretaria de Turismo, mas o equipamento é vinculado à Secretaria de Cultura”, explica.

Questionado sobre a possibilidade de uma gestão compartilhada, Gustavo considera a proposta viável. “Essa possibilidade sempre existiu. O governo sempre foi aberto ao diálogo e a gente esta aqui mais uma vez para ouvir a comunidade, entender suas demandas e achar o melhor caminho para o que vai ser feito", afirma

Memórias afetivas

Para moradores como Cátia Lima e Jamili Sousa, o farol representa não só um patrimônio histórico, mas também um espaço de afetos e lembranças de infância. Cátia relembra as brincadeiras de castelo e pirata nas escadarias do farol. “É nossa história. A gente cresceu aqui, correndo e brincando. Me emociono só de lembrar.”

Jamili também guarda lembranças marcantes. Na infância, o pai pescador a levava todas para brincar no Farol. "Ele já não está mais com a gente, mas essa memória ficou viva. Me emociono muito toda vez que falo disso”, compartilha com os olhos lagrimejantes.

Histórico do Farol do Mucuripe

Localizado no bairro Cais do Porto, o Farol do Mucuripe é um marco na história do Ceará, chegando a fazer parte da bandeira do Estado. Construído na primeira metade do século XIX, serviu durante quase 100 anos como ponto de referência para as embarcações que chegavam à capital cearense, até ser desativado em 1957.

Atualmente, o farol é um patrimônio tombado pelo Iphan e está em processo de restauração desde outubro do ano passado. Com um orçamento de R$ 2,6 milhões, a obra tinha um prazo inicial de oito meses e deve ser totalmente entregue no final de agosto.

Programação

Terça-feira, 29/07

  • 16 horas: Roda de conversa e proposta de gestão compartilhada do Farol
  • 18 horas: Lançamento do manifesto sobre o patrimônio cultural de Fortaleza
  • 18h30min: Navegações com o Farol - exposição/instalação
  • 19 horas: Cine Serviluz ocupa Farol - sessão de filmes
  • 20 horas: Bingo com Sorteios

Sexta-feira, 01/08

  • 18 horas: Expossição jane Batista + Memória viva + Daqui pra lá
  • 18h30min: Fala dos moradores
  • 19 horas: Feirinha de alimentação e artesanato
  • 19h30min: Pagode do Ronim e Eduardo Lenda
  • 20 horas: Bingo com Sorteios

Sábado, 02/08

  • 08 horas: Percurso pelo bairro / Mapa da cultura
  • 14 horas: Atividade socioambiental imersa + Instituto Trêsmares

Serviço

O Ocupa Farol Titanzinho é um evento gratuito que acontece nos dias 29 de julho, 1º e 2 de agosto aos pés do Farol do Mucuripe localizado na rua Amancio Filomeno - Cais do Porto, Fortaleza, sem número.

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