O enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, irá a Gaza na sexta-feira (1º) para inspecionar a distribuição de ajuda e se reunir com moradores deste território devastado pela guerra e ameaçado pela fome.
Esta será a segunda visita de Witkoff a Gaza anunciada publicamente. Ele já tinha estado ali em janeiro, quando vigorava um cessar-fogo entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, antes da retomada da ofensiva israelense, em 18 de março.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, informou nesta quinta-feira que Witkoff e o embaixador israelense em Israel, Mike Huckabee, irão a Gaza para inspecionar os locais atuais de distribuição de ajuda e garantir um plano para entregar alimentos aos moradores do território.
O enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio se reuniu, nesta quinta, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um momento em que seu aliado está sob pressão crescente, com vários países prometendo reconhecer o Estado palestino.
"A maneira mais rápida de pôr fim à crise humanitária em Gaza é que o Hamas SE RENDA E LIBERTE OS REFÉNS!!!", escreveu Trump pela manhã.
No começo da semana, em um aparente distanciamento de Netanyahu, seu aliado, ele expressou sua preocupação com uma "verdadeira fome" que assola Gaza.
Nesta quinta-feira, os Estados Unidos impuseram sanções contra dirigentes da Autoridade Palestina e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), acusados de terem tomado medidas para "internacionalizar o conflito com Israel", anunciou o Departamento de Estado.
- Para desgosto de Trump -
Pouco antes da chegada de Witkoff, mães e familiares de reféns que ainda estão em poder do Hamas se manifestaram em frente ao gabinete de Netanyahu para exigir um "acordo global" que garanta a libertação dos 49 reféns ainda cativos em Gaza, dos quais 27 foram declarados mortos pelo Exército.
A pressão sobre Israel aumenta dia após dia, mesmo por parte de aliados tradicionais.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Johann Wadephul, também chegou a Tel Aviv, onde se reuniu com seu contraparte israelense, Gideon Saar.
Antes de partir para Tel Aviv, ele disse que Israel está cada vez mais isolado diplomaticamente diante do desastre humanitário em Gaza.
Na quarta-feira, o Canadá anunciou sua intenção de reconhecer o Estado da Palestina, como fizeram a França e o Reino Unido.
Trump "expressou seu desgosto e desacordo com os líderes de França, Reino Unido e Canadá" sobre o reconhecimento de um Estado palestino, disse sua porta-voz nesta quinta-feira.
Embora já tivesse criticado duramente a decisão do primeiro-ministro canadense, Mark Carney, de reconhecer o Estado palestino, Trump não se mostrou tão virulento com os anúncios do presidente francês, Emmanuel Macron, e do premiê britânico, Keir Starmer.
Nesta quinta-feira, a Eslovênia anunciou que proibirá todo o comércio de armas com Israel devido à guerra em Gaza, o que afirmou ser uma medida sem precedentes por parte de um país da União Europeia.
"A Eslovênia é o primeiro país europeu a proibir a importação, a exportação e o trânsito de armas para e de Israel", declarou o governo em um comunicado.
As autoridades eslovenas acrescentaram que agem de forma independente porque o bloco "não tinha sido capaz de adotar medidas concretas" conforme havia solicitado.
- Vídeo de refém -
O braço armado da Jihad Islâmica palestina divulgou, nesta quinta, um vídeo de um refém israelense, sequestrado durante o ataque a Israel, em outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza.
Neste vídeo, de mais de seis minutos, o refém, falando hebraico, revela sua identidade e pede que o governo israelense aja para sua libertação.
A AFP não pôde determinar a autenticidade do vídeo, nem a data da gravação.
Assim como vários meios de comunicação israelenses, a AFP identificou o refém como Rom Braslavski, um cidadão alemão-israelense.
- Empilhados no necrotério -
Nesta quinta-feira pela manhã, várias dezenas de corpos de pessoas baleadas, assassinadas na véspera em volta de caminhões transportando ajuda, segundo os familiares das vítimas, estavam empilhados no necrotério do hospital Al Shifa, no norte de Gaza, constatou um correspondente da AFP.
A Defesa Civil de Gaza contabilizou 58 mortos.
O Exército israelense confirmou ter feito "disparos de advertência" enquanto os habitantes de Gaza se reuniam em torno de caminhões de ajuda.
Segundo a Defesa Civil, outras 38 pessoas foram assassinadas durante a noite em várias operações israelenses.
A guerra foi desencadeada por um ataque sem precedentes realizado pelo Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.219 pessoas do lado israelense, em sua maioria civis, segundo um balanço com base em dados oficiais.
As represálias de Israel deixaram ao menos 60.249 mortos em Gaza, em sua maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.