Logo O POVO+
Enviado dos EUA promete mais ajuda humanitária após visita a Gaza
Farol

Enviado dos EUA promete mais ajuda humanitária após visita a Gaza

A viagem de Witkoff coincide com o aumento das pressões contra Israel diante da crise humanitária e da atuação de suas tropas
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
ENVIADO da Casa Branca, Steve Witkoff (de boné) visitou Gaza ontem (Foto: David AZAGURY / Embaixada dos EUA em Jerusalém / AFP)
Foto: David AZAGURY / Embaixada dos EUA em Jerusalém / AFP ENVIADO da Casa Branca, Steve Witkoff (de boné) visitou Gaza ontem

O enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, visitou, nesta sexta-feira (1°), a Faixa de Gaza, destruída pela guerra, e prometeu um aumento da ajuda humanitária, depois de a ONU denunciar que as forças israelenses atiraram contra centenas de palestinos que esperavam comida.

A viagem de Witkoff coincide com o aumento das pressões contra Israel diante da crise humanitária e da atuação de suas tropas.

Nesta sexta-feira, o escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) nos Territórios Palestinos informou que mais de 1.370 palestinos morreram em Gaza desde 27 de maio em operações de distribuição de ajuda, 105 nos últimos dois dias.

"A maioria desses assassinatos foram cometidos pelo Exército israelense", indicou o escritório da ONU, que reportou que 859 pessoas morreram perto das instalações da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), um organismo apoiado por Israel e Estados Unidos, e 514 ao longo das rotas dos comboios de alimentos.

Em um relatório independente, a ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou que as forças israelenses, com o apoio dos Estados Unidos, converteram o sistema de distribuição de ajuda em "banhos de sangue".

Em uma mensagem no X que inclui uma foto na qual aparece com um colete à prova de balas junto aos funcionários de um centro de distribuição da GHF, Witkoff disse que passou mais de cinco horas em Gaza.

"O propósito da visita era dar ao presidente dos Estados Unidos uma ideia clara da situação humanitária e ajudar a elaborar um plano para entregar alimentos e ajuda médica à população de Gaza", declarou.

Segundo o portal jornalístico americano Axios, Trump disse que trabalha em um plano para "alimentar as pessoas", mas não afirmou se implicaria em reforçar a GHF ou criar um mecanismo completamente novo.

Essa organização iniciou suas atividades no final de maio, coincidindo com a suspensão parcial de um bloqueio de dois meses que Israel impôs à entrada de ajuda a Gaza, causando escassez de comida e insumos essenciais.

Por sua vez, a Defesa Civil de Gaza reportou que 22 pessoas morreram por disparos das tropas israelenses e bombardeios nesta sexta-feira, incluindo oito que esperavam ajuda alimentar.


- 'Banhos de sangue' -

Em seu relatório sobre os locais administrados pela GHF, a HRW acusou os militares israelenses de utilizarem ilegalmente a fome como arma de guerra.

"As forças israelenses apoiadas pelos Estados Unidos e as empresas terceirizadas privadas estabeleceram um sistema de distribuição de ajuda falho e militarizado que transformou a distribuição de ajuda em autênticos banhos de sangue", afirmou Belkis Wille, sub-diretora da unidade de crise e conflitos da HRW.

Em resposta ao relatório, o Exército afirmou que a GHF trabalha de forma independente, mas que os soldados israelenses operavam "nas proximidades das novas zonas de distribuição para permitir a entrega ordenada de alimentos".

O Exército israelense acusou o Hamas de tentar impedir a distribuição de alimentos e afirmou que está investigando as mortes relatadas.

Há uma semana, aviões de vários países lançam provisões sobre Gaza. As autoridades israelenses anunciaram que as organizações internacionais distribuíram mais de 200 caminhões de ajuda na quinta-feira.

A guerra no território palestino foi desencadeada por um ataque sem precedentes realizado pelo Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.219 pessoas, a maioria civis, do lado israelense, segundo uma contagem baseada em dados oficiais.

As represálias de Israel causaram pelo menos 60.249 mortes em Gaza, majoritariamente civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

Em 7 de outubro, os comandos do Hamas tomaram 251 pessoas como reféns, das quais 49 seguem cativas em Gaza. Dessas, 27 teriam morrido, segundo o Exército israelense.

Nesta sexta-feira, o Hamas divulgou um vídeo de um refém israelense, identificado por vários veículos de comunicação de Israel como Evyatar David, de 24 anos, no qual aparecia muito magro e visivelmente fraco, preso em um túnel.

A AFP não conseguiu verificar a autenticidade dessas imagens nem a data em que elas foram gravadas.

Em uma reportagem investigativa divulgada nesta sexta, a emissora pública britânica BBC afirmou ter compilado depoimentos de pessoal médico, grupos de defesa dos direitos humanos e testemunhas sobre mais de 160 crianças feridas a tiros durante a guerra em Gaza.

A reportagem acrescentou que 95 delas foram baleadas na cabeça ou no peito e que, segundo testemunhas, o Exército israelense teria apontado contra 57 delas.

Perguntado a respeito, o Exército israelense declarou que "qualquer ataque intencional contra civis, e em particular contra crianças, é estritamente proibido" pelas forças armadas israelenses e pelo direito internacional.

O que você achou desse conteúdo?