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A negociação com os EUA começa agora
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A negociação com os EUA começa agora

A oficialização das tarifas, ainda que com uma lista de quase 700 exceções, evidencia, no mínimo, a urgência de trazer a discussão para o campo econômico. o Ceará, por exemplo, seu efeito é devastador, já que os principais produtos continuam com taxa de 50%
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Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
 (Foto: JIM WATSON / AFP)
Foto: JIM WATSON / AFP Donald Trump, presidente dos Estados Unidos

A nova ofensiva de Donald Trump empregada contra o Brasil, embora desproporcional e com potencial catastrófico, sobretudo, para a economia cearense, dá sinais de que ele pode muito, mas não pode tudo.

As sanções aplicadas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, estão sendo questionadas na justiça americana. E o entendimento de parte dos juízes é de que houve uma extrapolação da interpretação da Lei Magnitsky, uma das mais severas punições contra estrangeiros considerados autores de graves violações de direitos humanos e práticas de corrupção.

A própria oficialização das tarifas, com uma lista de quase 700 exceções que o mercado americano não produz na quantidade necessária, evidencia, no mínimo, a urgência de trazer a discussão para o campo econômico. Afinal, não é apenas o Brasil a sangrar dessa disputa, mas a própria economia americana. E as empresas de lá estão agindo para evitar um mal maior.

Ainda assim, está longe de ser considerado um "tarifinho". No Ceará, por exemplo, seu efeito é devastador, já que os principais produtos continuam com taxa de 50%.

Se há alguma notícia boa em meio aos caos, é que, com as exceções, o plano de contingência que está sendo viabilizado pelo Governo Federal poderá ser direcionado para apenas 35,9% dos exportadores, conforme cálculo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

E como boa parte das principais cadeias produtivas das regiões do Sul e do Sudeste entrou na lista, Nordeste e Norte - as regiões mais impactadas pelo tarifaço e historicamente menos favorecidas - têm mais chances de ter um olhar diferenciado agora.

Há muito a ser feito. O governo estadual acerta quando se junta aos setores e traça medidas como a das compras públicas de perecíveis, mas seu raio de ação é limitado.

A jogada mesmo está com o Governo Federal, seja para encontrar brechas para novas isenções e prazos, mas, principalmente, para dar a dimensão necessária que o plano de socorro precisa ter. Como foi feito na pandemia e no caso das enchentes do Rio Grande do Sul.

Nesse contexto, a bancada cearense e os bancos de fomento do Nordeste também precisam se mexer, sob pena do Ceará retroceder décadas de desenvolvimento.

 

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