A segunda fase da Operação “Cena de Botequim”, responsável por investigar obras de arte falsamente atribuídas ao pintor Antônio Bandeira, foi deflagrada na manhã desta quarta-feira, 6. A ação do Ministério Público do Ceará, por meio do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), cumpriu cinco mandados de busca e apreensão nos estados do Ceará e de São Paulo.
A investigação considera quatro pessoas envolvidas: um perito em obras de arte, um servidor público aposentado, uma contadora e um empresário aposentado. Dois mandados foram registrados em Fortaleza, um na capital de São Paulo e dois na cidade de Caraguatatuba (SP), com apreensão de 13 peças de procedência duvidosa.
As obras devem passar por uma perícia técnica especializada. Outros objetivos também foram apreendidos, como aparelhos eletrônicos e documentos que podem incluir informações relevantes ao caso.
O foco da primeira fase da operação, em 2022, era a coleta de documentos que indicassem a localização dos quadros. Na ocasião, três mandados de busca e apreensão foram cumpridos na residência de um investigado, em Fortaleza, e em duas antigas sedes do Instituto Antônio Bandeira.
A identificação de outros envolvidos é seguida pelo Nuinc, além da coleta de novas provas e responsabilização criminal dos autores dos crimes apurados.
A ação realizada teve o apoio da Polícia Civil do Estado do Ceará, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP de São Paulo e da Polícia Interestadual (Polinter) de São Paulo.
A 14ª Vara Criminal de Fortaleza foi a responsável pela expedição das ordens judiciais para cumprimento dos mandados.
Nascido na capital cearense em 26 de maio de 1922, o pintor Antônio Bandeira é conhecido como um dos representantes do abstracionismo no Brasil. Entre as suas obras, estão “A Grande Cidade Iluminada” (1953), “A Catedral” (1955) e “Flora Noturna" (1959).
De acordo com informe do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc - UFC), Bandeira foi um dos integrantes do Centro Cultural de Belas Artes (CCBA) em 1941, durante período de renovação artística em território cearense. Posteriormente, criou-se a Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap).
O pintor morreu aos 45 anos em Paris, na França, no dia 6 de outubro de 1967. Anos antes, realizou a sua primeira mostra individual no Mauc, no período comemorativo das instalações do museu, em 15 de julho de 1961.