As vítimas da chacina registrada em Itapajé, município do Vale do Curu, em 31 de julho, fariam parte de uma célula da facção criminosa Comando Vermelho (CV) que extorquia comerciantes em até R$ 5.000. Na última quarta-feira, 6, dois outros suspeitos de envolvimento com a prática criminosa foram presos.
Conforme investigação da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), os criminosos chegavam a ir aos comércios presencialmente para realizar as cobranças. Eles não apresentariam armas ostensivamente, mas “insinuavam com posturas (e) palavras” que as vítimas teriam “consequências graves" em caso de resposta negativa.
“O modus operandi das extorsões segue padrão bem estabelecido: inicialmente é exigido um pagamento que varia entre R$ 300,00 e R$ 500,00, podendo chegar a R$ 5.000,00 em casos específicos, seguido de mensalidades em torno de RS 1.000,00”, aponta relatório da Delegacia Municipal de Itapajé ao qual O POVO teve acesso.
Conforme a PC-CE, a atuação do grupo criminoso chegou a acarretar no fechamento de diversos estabelecimentos comerciais. Uma denúncia anônima recebida pelas autoridades relatou que a situação levou comerciantes a precisarem recorrer a medicamentos ansiolíticos e antidepressivos.
A investigação resultou na identificação de diversos suspeitos de praticarem as extorsões, incluindo Klayver Galdino Frederico e Luis Henrique Leitão Silva Pinto, o “Boião”, presos em operação deflagrada na quarta-feira, 6.
Em depoimento, os dois negaram os crimes, afirmando não integrar facção criminosa nem conhecer nenhum de seus integrantes. Outro homem reconhecido como um dos executores das extorsões foi José Caio de Melo Sousa, um dos quatro mortos na chacina.
“Sua morte, ocorrida no dia 31/7/2025, junto a outros três indivíduos ligados ao mesmo núcleo criminoso, levanta forte suspeita de retaliação ou justiçamento, e reforça a gravidade da estrutura criminosa instalada em Itapajé/CE”, consta em outro trecho do relatório.
“Informações preliminares indicam que os quatro foram emboscados e executados de forma premeditada, possivelmente em decorrência de conflitos internos, disputas entre facções ou retaliações relacionadas à atividade criminosa que vinham exercendo na região”.
Além de Caio, foram mortos na chacina: Emerson Gomes Soares, Jonas Mateus dos Santos e Carlos Alexandre Alves de Sousa. Até o momento, nenhum suspeito do crime foi preso.