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Socorro a exportadores é temporário
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Socorro a exportadores é temporário

O histórico brasileiro de concessão de benefícios em casos de dificuldades pontuais é de castigo para os cofres públicos
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Presidente Lula, durante cerimônia de assinatura da Medida Provisória
Foto: Ricardo Stuckert / PR Presidente Lula, durante cerimônia de assinatura da Medida Provisória "Brasil Soberano". Palácio do Planalto, Brasília - DF, na quarta-feira, 13

Sob aplausos, e também críticas, o governo federal divulgou, na última semana, o pacote de socorro aos exportadores afetados pelo tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump (Estados Unidos) a produtos brasileiros. Compras governamentais, bilhões em crédito e a promessa de abertura de novos mercados constituem um conjunto de medidas assertivas para o momento - e que ainda precisam de alguns ajustes -, mas, especialmente, que são temporárias.

Esta última condição precisa ser a primeira a ser entendida pelos empresários, sob pena de não ter acesso aos subsídios. Afinal, o histórico brasileiro de concessão de benefícios em casos de dificuldades pontuais é de castigo para os cofres públicos.

Há exemplos como o do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), criado em 2021 para atenuar os efeitos da pandemia de covid-19, mas cuja continuidade foi ampliada até 2026. Em alguns casos, a Justiça chegou a postergar além disso mesmo com o teto de R$ 15 bilhões em concessões atingido em março deste ano.

Ao O POVO, quando esteve em Brasília reunido com o ministro e vice-presidente Geraldo Alckmin, o governador Elmano de Freitas (PT) fez uma observação certeira para o momento: "(O pacote) é um esforço da sociedade, do governo, para ajudar essas empresas, porque elas geram empregos no Ceará e elas são importantes. Mas a taxa de lucro não necessariamente será a mesma."

A lógica exposta pelo governador é a mesma usada por muitos empresários, aquela de que o mercado é livre e se autorregula. Pois, então? O pacote de socorro aos exportadores é temporário, mira um momento específico no qual as empresas precisam também fazer renúncias e estão inseridas no mesmo cenário de cobrança por redução de gastos pelo governo e juros altos.

 

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