A prisão de dois suspeitos de torturar vítimas sob ordem da facção criminosa Comando Vermelho (CV) mostrou uma ação cruel realizada no município de Monsenhor Tabosa, a 254 quilômetros de Fortaleza, na segunda-feira passada, dia 18 de agosto.
Os espancamentos e torturas eram transmitidos ao vivo para o chefe da organização. Em uma das ações quatro pessoas foram vítimas e uma delas não resistiu aos ferimentos.
Victor Emanoel Silva Felix e Iranildo de Sousa Barbosa foram presos em flagrante e as prisões em foram convertidas em preventiva. Já Ana Beatriz Estevão da Silva teve a prisão domiciliar com monitoramento eletrônico. Ela está no sétimo mês de gestação e afirma ter sido obrigada pelo companheiro a agredir uma das vítimas.
Os espancamentos das quatro vítimas resultaram em fraturas nas pernas. Uma mulher teve a cabeça colocada dentro de um saco com água.
Conforme depoimentos de testemunhas, as pessoas foram retiradas das próprias casas, sob ameaça, e levadas para as proximidades de um açude, onde aconteceram as agressões.
Em um documento de decisão judicial obtido pelo O POVO, depoimentos de vítimas e de testemunhas relatam que os criminosos tentavam "arrancar" uma confissão das vítimas sobre roubos e furtos de motocicletas na região.
Por acreditar que essas quatro vítimas teriam envolvimento nas ações de roubo, a facção resolveu aplicar uma "disciplina".
As quatro pessoas, sendo dois homens e duas mulheres passaram pelo espancamento e, posteriormente, foram liberadas. Os indivíduos mandaram que as quatro pessoas lesionadas corressem, no entanto uma delas morreu no meio do caminho.
Os nomes das vítimas sobreviventes não são divulgados por questões de segurança. Duas pessoas foram presas pelo Raio, da Polícia Militar do Ceará, mas pelo menos três pessoas não foram detidas. A mulher presa, no 7º mês de gestação, prestou depoimento informando que foi obrigada a participar da ação.
Ainda foram apreendidas roupas, dinheiro em espécie, drogas, as roupas usadas nas agressões, armas de fogo e aparelhos celulares.