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Do fogão às pistas: conheça cearense que trocou a culinária pela corrida de rua
Farol

Do fogão às pistas: conheça cearense que trocou a culinária pela corrida de rua

Weslley Cordeiro largou a carreira de chef para se dedicar às maratonas internacionais
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Weslley Cordeiro, maratonista cearense e influenciador digital no perfil @maratonandocomvoce (Foto: Nathalia Lima / Divulgação)
Foto: Nathalia Lima / Divulgação Weslley Cordeiro, maratonista cearense e influenciador digital no perfil @maratonandocomvoce

Todos os dias, novas pessoas se rendem à febre das corridas de rua. O cearense Weslley Cordeiro, de 32 anos, foi uma dessas pessoas. Entretanto, sua experiência tomou um rumo diferente. A paixão pelo esporte mudou a rota da própria vida.

Natural de Fortaleza, Weslley tem formação em culinária e deixou sua terra natal ainda cedo para seguir o sonho de ascender profissionalmente. O talento na cozinha o levou a restaurantes renomados dentro e fora do País, como o D.O.M, do renomado chef Alex Atala. Além disso, o cearense se consolidou na arte da culinária trabalhando no mercado internacional. No entanto, tudo mudou quando Weslley começou a praticar corrida de rua e se descobriu no esporte.

Decidido a trocar o dólmã pelos trajes esportivos, Weslley se tornou maratonista e coach de corrida e atualmente trabalha ajudando atletas de alta performance a se prepararem para grandes competições. Além disso, também comanda o Adidas Runners New York, projeto da marca que reúne comunidades de corredores ao redor do mundo.

Em entrevista ao O POVO, o cearense conta como foi a experiência de deixar o solo alencarino em busca de um sonho e como teve coragem de mudar de rota durante a caminhada — ou melhor, corrida.

O POVO - No início da sua carreira na gastronomia, você trabalhou no restaurante D.O.M, do chef Alex Atala. Como foi essa experiência?

Weslley - Com 19 anos de idade, eu me mudei para São Paulo para fazer um estágio na cozinha de produção do restaurante D.O.M., que é o restaurante principal dele. E com uma semana de estágio, um garçom, que também era cearense, me falou: "Macho, tem uma vaga pra lavar prato dentro da cozinha. Vai, pelo menos você já tá dentro da companhia com o contrato assinado". E aí, eu larguei o estágio da cozinha, peguei a vaga de lavar prato. Passei três semanas lavando pratos e depois eles me mudaram pra cozinha. Durante as três semanas lavando pratos, os chefs dentro do restaurante me mostravam as coisas. E aí, eu assumi uma das praças e passei três anos sendo um dos chefs do time principal da cozinha do D.O.M, do Alex Atala.

O POVO - Quando você começou a praticar corrida de rua?

Weslley - Eu comecei a correr em Nova York porque eu assistia aos vídeos de um youtuber que eu gosto muito, e ele falava que só tinha um vício, que era correr. Ele não bebia, ele não fumava, só corria diariamente. E esse youtuber me incentivou muito, tanto na corrida, quanto no inglês também, porque na época em que eu cheguei nos Estados Unidos, eu tinha zero inglês. Hoje em dia, eu sou fluente em inglês. Enfim, um dia eu resolvi testar a corrida para ver como era, e, desde então, nunca mais parei. Só neste ano já fiz dez maratonas, e agora estou me preparando para ajudar na maratona de Berlim, em setembro.

O POVO - Como ocorreu sua mudança da gastronomia para a corrida de rua?

Weslley - Em 2015, eu me mudei para Nova York para ser chef em um restaurante brasileiro. Depois, eu fui pra uma rede de restaurante americana para ser chef executivo. E aí, três anos atrás, eu decidi largar a cozinha e estudar para ser coach de corrida lá nos Estados Unidos. Porque lá nos Estados Unidos, fora do Brasil, você não precisa de um curso de educação física, você faz outros tipos de cursos. Eu digo que quando eu era chef, eu fazia a noite daquela pessoa especial, e hoje em dia, como coach de corrida, eu faço os meses antes da maratona, e até a vida da pessoa especial. Antes eu mudava uma noite, agora eu mudo a vida da pessoa com o poder da corrida, com o poder do esporte, guiando os meus atletas para os objetivos deles.

O POVO - Como você passou de corredor de rua para coach de corrida?

Weslley - Bom, eu comecei a correr junto com um grupo de corrida gratuito de Nova York, e no começo eu era só um membro, eu só fazia parte dos treinos. E logo nos primeiros anos, eles me chamaram pra ser um dos "pacers", aquela galera que ajuda a montar o treino e guiar os corredores dentro dos treinos. E, no ano passado, eles me chamaram pra liderar o time, de dar cidade, liderar os eventos, criar os eventos, ser o principal comandante ali do time da Adidas Runners Estados Unidos, e eu aceitei. 

O POVO - Você retornou a Fortaleza depois de muito tempo. Como tem sido praticar corrida de rua com a comunidade de corredores da Capital?

Weslley - Agora estou de férias em Fortaleza, e eu corri pela primeira vez aqui, na Beira Mar. Apesar de ter nascido e ter sido criado em Fortaleza, essa foi minha primeira vez correndo aqui, e eu estou simplesmente apaixonado pela cidade, me reapaixonando pela minha terra. O carinho que eu estou recebendo das assessorias, das marcas e dos corredores locais é uma coisa que eu nunca senti em outra cidade do mundo. E não só pelo carinho que eu estou recebendo, a energia da comunidade de corrida de Fortaleza é muito incrível, é muito gostosa. É uma coisa que não existe em Nova York, nem em São Paulo ou no Rio (de Janeiro), é uma hospitalidade que o fortalezense sabe fazer como ninguém. A gente só tem que aguentar o calorzinho (risos).

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