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Quantas histórias uma guerra pode apagar? A Faixa de Gaza se tornou um vácuo de histórias: crianças, jovens, mulheres e idosos tiveram as vidas interrompidas ao longo dos quase dois anos do massacre promovido por Israel no território palestino. A quase inércia de organismos internacionais pouco muda a realidade, mas um ataque recente chocou o mundo pelo timing e ao ser transmitido ao vivo.
Israel bombardeou um hospital em Khan Yunes enquanto jornalistas registravam um ataque ocorrido minutos antes. O bombardeio matou cinco jornalistas no exercício da função e uma equipe de socorristas. 20 mortos no total. O vídeo da tragédia ganhou as redes sociais e jogou mais luz sobre o horror que Tel Aviv promove desde o início do conflito.
O ataque contra jornalistas, que deveriam ter sua integridade preservada enquanto trabalhavam, é um dos prismas pelos quais se pode observar a guerra em Gaza. A região já se tornou o maior cemitério de histórias - e de quem as conta - dentre todas as guerras. O Sindicato de Jornalistas Palestinos estima que 246 profissionais foram assassinados até então.
Essa guerra matou mais jornalistas do que qualquer outra. Os jornalistas tornaram-se parte de uma estatística tratada como 'efeito colateral' por líderes globais. Quando a guerra mata quem a registra, a versão final vira uma colcha de retalhos moldada à imagem da conveniência dos poderosos. Quantas histórias mais permitiremos que a guerra apague?