O estilista italiano Giorgio Armani, ícone da moda e criador de um império na indústria do luxo, faleceu aos 91 anos cercado por seus entes queridos, informou seu grupo empresarial nesta quinta-feira, 4.
"Com uma tristeza infinita, o Grupo Armani anuncia o falecimento de seu criador, fundador e motor incansável: Giorgio Armani", anunciou o grupo em um comunicado.
Armani abriu sua casa de moda homônima em 1975, em Milão, e chegou rapidamente ao topo da indústria.
O prefeito da cidade, capital econômica da Itália, Giuseppe Sala, decretou um dia de luto na segunda-feira, quando será celebrado o funeral.
"Não pode ser! Milão perdeu parte de sua história. O que ele fazia era incrível. Colocava toda a sua alma", disse à AFP Emanuela Ottolina, uma mulher de 71 anos, ao sair de uma exposição em Milão que revisita os 20 anos da coleção Armani Privé.
De acordo com o desejo de Giorgio Armani, seu funeral será privado, mas haverá uma capela-ardente aberta ao público das 9h às 18h no sábado e no domingo no Teatro Armani, em Milão.
"Nesta empresa sempre nos sentimos como uma família. Hoje, é com profunda emoção que sentimos o vazio deixado por quem fundou e alimentou esta família com visão, paixão e dedicação", lamentou a empresa em um comunicado.
"Mas é precisamente em seu espírito que nos comprometemos a proteger o que ele construiu e a levar adiante sua empresa em sua memória, com respeito, responsabilidade e amor", acrescentou a nota.
No começo do ano, Armani cancelou seu desfile de moda masculina em Milão por motivo de saúde. Em julho, ele também perdeu o desfile da Armani Privé, em Paris, por recomendação médica.
Em uma entrevista ao jornal Financial Times, publicada poucos dias antes de sua morte, o estilista italiano declarou que os planos para sua sucessão consistiam "em uma transição progressiva de responsabilidades para seus colaboradores mais próximos, como Leo Dell'Orco", responsável pelo design das coleções masculinas, "os membros de (sua) família e toda a equipe de trabalho".
- "Símbolo do melhor da Itália" -
"Com Giorgio Armani, desaparece uma figura emblemática da cultura italiana, que soube transformar a elegância em uma linguagem universal. Seu estilo sóbrio e inovador redefiniu a relação entre a moda, o cinema e a sociedade, deixando uma marca indelével nos costumes contemporâneos", reagiu o ministro italiano da Cultura, Alessandro Giuli.
"Ele não foi apenas um mestre da moda, mas também um reconhecido embaixador da identidade italiana em todo o mundo", afirmou.
A chefe de governo, Giorgia Meloni, elogiou sua "elegância, sobriedade e criatividade" em "realizar a moda italiana e inspirar o mundo". "Um trabalhador incansável, um ícone e um símbolo do melhor da Itália", escreveu no X.
Grandes nomes da moda elogiaram o estilista. Donatella Versace, embaixadora do grupo de moda homônimo, definiu-o como um "gigante que fez história".
Seu legado "viverá por muito tempo no coração e no imaginário dos estilista de hoje e de amanhã", afirmou Bernard Arnault, presidente do LVMH, o principal grupo de luxo mundial.
Dos Estados Unidos, os estilistas Michael Kors e Ralph Lauren coincidiram em exaltá-lo como um "ícone".
Algumas estrelas de Hollywood que Armani vestiu se juntaram às homenagens, como o ator Russell Crowe e a atriz Julia Roberts, que enalteceu "um verdadeiro amigo, uma lenda".
Estilista visionário, Armani se destacou na alta costura, no prêt-à-porter, em acessórios, perfumes, na joalheria, assim como na arquitetura de interiores e hotelaria de luxo em cidades como Milão, Paris, Nova York, Tóquio, Seul e Xangai. Em 2000, o Museu Guggenheim de Nova York o incluiu no Panteão dos criadores com uma retrospectiva dedicada à sua obra.
Armani nasceu em 11 de julho de 1934 em Piacenza (norte da Itália) em uma família humilde de origem armênia.
Ele estudou medicina durante dois anos, antes de trabalhar como vitrinista-decorador na famosa loja Rinascente de Milão, onde permaneceu até os 31 anos.
Apaixonado por fotografia e desenho, sua vida mudou após conhecer Nino Cerruti, inventor do "casual chic", falecido em janeiro de 2022, que lhe confiou sua linha de moda masculina, Hitman.
Após sete anos se formando com ele como estilista, abriu sua própria casa com um amigo, Sergio Galeotti, que faleceu dez anos depois.