O governador Elmano de Freitas (PT) sancionou nesta sexta-feira, 5 de setembro, lei que incentiva o cultivo do algodão no Ceará, por meio do Programa Estadual de Fortalecimento e Revitalização da Cotonicultura.
A ideia é distribuir sementes de qualidade aos produtores rurais cearenses, além de incentivá-los, por meio de subsídio e com o fornecimento de assistência técnica.
“Vamos gerar mais emprego, renda e desenvolvimento sustentável para a agricultura cearense”, disse o gestor, ao publicar nas redes sociais o anúncio da sanção.
A iniciativa do Governo do Estado foi aprovada na Assembleia Legislativa no dia 26 de agosto.
Nas décadas de 1970 e 1980, o Ceará figurava entre os maiores produtores do País. O algodão, conhecido como “ouro branco”, sustentava milhares de famílias e movimentava a indústria têxtil.
Mas a partir dos anos 1990, a atividade entrou em declínio, principalmente devido à praga do
bicudo-do-algodoeiro
besouro da família dos curculionídeos, originário da América Central, de coloração cinzenta ou castanha e mandíbulas afiadas, utilizadas para perfurar o botão floral e a maçã dos algodoeiros
, à ausência de políticas públicas de incentivo e à concorrência com culturas mais rentáveis. O resultado foi a desestruturação de uma cadeia que tinha forte impacto econômico no Interior.
Hoje o Estado não está entre as principais produções do cultivo e, por isso, visa voltar ao ranking nacional e ganhar a expressividade que não possui mais.
Agora, o governo aposta em um modelo mais moderno e sustentável para reverter esse cenário. O governador afirmou que o Estado tem condições de voltar a ser referência no cultivo.
Segundo a proposta, os agricultores cadastrados terão acesso a sementes selecionadas, adaptadas ao clima e ao solo do semiárido cearense.
A distribuição será acompanhada de assistência técnica, com acompanhamento desde o preparo do solo até a colheita.
Também haverá orientação para práticas modernas de cultivo, uso de insumos biológicos e medidas de vigilância fitossanitária, como o “vazio sanitário” – período sem plantio que impede a sobrevivência de pragas.
Outro eixo do programa é a rearticulação da cadeia produtiva. Atualmente, grande parte do algodão usado pela indústria têxtil do Estado vem de fora.
A expectativa é que a retomada do cultivo local reduza essa dependência, fortaleça a indústria, gere empregos e atraia novos investimentos privados.
Pequenos e médios produtores, especialmente vinculados à agricultura familiar, terão prioridade no cadastro.
O governo afirma que essa inclusão é estratégica para estimular práticas sustentáveis e diversificar a renda de famílias que já cultivam milho, feijão e outras culturas de subsistência.
O cronograma do programa prevê que a primeira etapa de distribuição de sementes ocorra ainda este ano, para preparar o plantio para o próximo ciclo agrícola.
A proposta também prevê acompanhamento contínuo para mensurar resultados, identificar gargalos e ampliar gradualmente o alcance da política. (Com Mariah Salvatore)