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Entre suor e afetos, etapa Primavera da Corrida das Estações mobiliza corredores de Fortaleza
Farol

Entre suor e afetos, etapa Primavera da Corrida das Estações mobiliza corredores de Fortaleza

A etapa ocorreu neste domingo, 14, com largada na Praia de Iracema e muitas histórias envolvidas no trajeto
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A pequena Lia Luz é quem motiva Tailana Mercia e João Micael na vida e na corrida (Foto: Lucas Mota/O POVO)
Foto: Lucas Mota/O POVO A pequena Lia Luz é quem motiva Tailana Mercia e João Micael na vida e na corrida

Partindo do Aterro da Praia de Iracema, o Circuito das Estações voltou a acelerar as ruas de Fortaleza neste domingo, 14, logo cedo, desta vez com a etapa Primavera. Centenas de corredores participaram das provas de 5km, 10km e 18km em mais uma edição marcada não apenas pelo desafio físico, mas por histórias que se visitam ao longo do percurso.

O evento, que já se consolidou no calendário esportivo da cidade, reuniu estreantes, veteranos e famílias inteiras, reforçando a corrida como prática de saúde, convivência e superação pessoal. Para alguns, a motivação foi sentimental e familiar. Para outros, rebater dizeres ou se provar já era o suficiente. Para todos, um ambiente que desopila e age de forma terapêutica.

Nas ruas da Capital, o Esportes O POVO acompanhou a estreia de um fotógrafo que encontrou um foco além das lentes, um grupo uniformizado de quatro amigas que se reinventaram nas madrugadas de treino, uma mãe que voltou a correr ao lado da filha, e um casal que encontrou, na corrida e na filha de quatro anos, a motivação para cruzar a linha de chegada juntos, mesmo percorrendo distâncias diferentes.

O evento teve premiação para os três primeiros colocados de cada categoria, nas modalidades masculino e feminino. Além das medalhas, o evento entregou parte de uma mandala. Cada parte representa uma das quatro estações, levando o objetivo de completar o desenho para cada atleta que completa a prova.

Foco para manter a mente e sair bem no enquadramento

Entre os participantes, estava o fotógrafo Arlan Elton, que viveu a primeira experiência no Circuito. Ele contou que encontrou inspiração em pequenos gestos ao longo do trajeto.

“Quando eu estava para desistir, olhei para a blusa de uma senhora e estava escrito: ‘a mente acredita e o corpo alcança’. Isso me deu força”, cita, ligando a frase à situação da pessoa de mais idade, que estava na mesma pista que ele. Sentiu que pode ir longe.

“Depois, escutei de pessoas que saíam de uma festa: ‘vocês estão ganhando o quê para estar aí?’, em tom de deboche. É muito importante buscar saúde e ressignificar a vida”, complementa. Segundo ele, correr virou terapia, como conta animado, ao lado do percurso realizado.

Naty, Rafa, Paty e Débora

A corrida também foi espaço de reencontro e amizade para Natália Kévia, Rafaela Rosa, Patrícia Fontenele e Débora Brito, que treinam juntas, com roupas precisamente idênticas, carregando apelidos em quatro letras, à exceção de Débora.

Natália Kélvia, ou Naty, lembra que começou há três anos, superando o medo de “ficar por última”. Já Patrícia, ou Paty, acorda diariamente às 3h30min para conciliar treinos e trabalho. Por sua vez, Rafa começou a correr com a motivação de perder peso, mas também encontrou uma terapia ambulante, como a maioria dos presentes.

Débora leva um valor ainda mais sentimental, pois destaca o papel da corrida em sua vida após a morte do pai: “Corrida no meu caso veio como melhora de autoestima, de vida. O falecimento do meu pai foi o que me motivou a correr, que ressignificou a vida e trouxe o simbolismo de que isso não é o fim”.

Quando a filha é quem puxa a fila

O aspecto familiar esteve presente na participação de Patrícia Lima, gerente administrativa, que correu acompanhada da filha Mari e da amiga Rose. Para ela, dividir o percurso trouxe um sentido especial, pois havia parado de correr quando já conseguia percorrer 21km, mas o evento deste domingo marcou o retorno.

Voltou para correr com sua filha e, de quebra, uma amiga. Quando ultrapassou a linha, decidiu que vai voltar a tentar os 21km na primeira oportunidade. “Busco saúde para minha vida e fico feliz pelo que isso traz para a nossa alma e nosso espírito. Hoje estive com minha filha e minha amiga, sempre juntas. Isso nos dá muita força”, conta.

O casal Tailana Mercia e João Micael levou a pequena Lia Luz, de apenas 4 anos, para mais uma edição, e também viu a filha puxar a fila. Tailana conta que a motivação até surgiu por incentivo do marido, mas cresceu mesmo com o entusiasmo da filha.

“Acabou que a pequena se apaixonou também e agora ela é nossa motivação. O meu esposo corre mais, já fez 21k. Eu faço 3k com minha filha, mas acredito que se eu puxasse mais, ela iria. Corre sem parar. Ela tem só quatro anos, mas muito amor pela corrida. A gente fica esperando o pai dela chegar para cruzarmos a linha de chegada juntos”, contam. As distâncias são diferentes, mas, juntos, conquistam a mesma fatia da mandala.

Com Lucas Mota

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