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Violinista cearense leva música para pacientes internados em hospital de Fortaleza
Farol

Violinista cearense leva música para pacientes internados em hospital de Fortaleza

Por meio do violino, o músico Vicente Barroso, vem transformando a rotina hospitalar de pacientes
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Dois dedos: Violinista cearense leva música para pacientes internados em hospital de Fortaleza (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Dois dedos: Violinista cearense leva música para pacientes internados em hospital de Fortaleza

Entre os corredores de um hospital localizado em Fortaleza, o som de um violino rompe o silêncio que existe nas enfermarias e UTIs. O responsável por essa melodia é o violinista cearense Vicente Barroso, de 57 anos, que descobriu a paixão pelo instrumento ainda aos 17 anos e, alguns anos depois, decidiu levar sua arte para dentro de hospitais.

Há 40 anos, Vicente dedica sua trajetória ao violino e, sobretudo, à missão de transformar a experiência hospitalar por meio da música. Com o objetivo de alcançar todos os gostos e tocar cada paciente de forma única, Vicente toca músicas que vai do clássico ao brega.

As visitas ao hospital acontecem semanalmente. Os momentos musicais são assistidos por pacientes, acompanhantes e pela equipe de saúde. O violinista também marca presença no hospital em datas comemorativas, como no dia das mães e dos pais, sendo um momento marcado por muita emoção e surpresa.

A carreira de Vicente como violinista, iniciou em 1985, enquanto ele frequentava uma escola para música, onde ele aprendeu a tocar violão e violino. Atualmente, ele vive exclusivamente para a música, tocando violino em hospitais, restaurantes e festas. Durante sua trajetória, Vicente também tocou em uma orquestra por dez anos.

O POVO - Como surgiu a ideia de tocar violino em hospitais?

Vicente Barroso - Eu fui convidado pelo hospital. Eu já tinha me apresentado lá há três anos, e eles decidiram me chamar novamente. Atualmente, já faz um ano que eu faço esse projeto, semanalmente, estou indo lá tocar nas UTIs e nas enfermarias. Os pacientes gostam muito desse momento. A música faz muito bem. Às vezes, eu chego nas enfermarias e os pacientes estão para baixo, mas, quando escutam a música, eles já levantam o astral e acaba melhorando o dia deles.

O POVO - Qual a lembrança mais bonita que você tem enquanto realizava o seu trabalho?

Vicente Barroso - Toda semana tem algo diferente. Uma vez, eu cheguei e toquei uma música para um senhor. Quando finalizei, ele disse: “Rapaz, eu passei o dia tomando medicamento de todo jeito aqui, mas o melhor remédio que eu tomei hoje foi a música”. Outra vez, eu fui tocar na enfermaria, lá tinha uma paciente muito inquieta, mas, quando eu comecei a tocar, ela foi se acalmando, começou a sorrir e, quando terminei, ela agradeceu muito.

O POVO - Como é a experiência de tocar violino em um ambiente hospitalar?

Vicente Barroso - É muito gratificante. Você vê que melhora o dia do paciente. Eu me sinto muito realizado em ver que meu trabalho está alegrando e levantando o astral de quem tá na UTI e na enfermaria. Lá eles estão se recuperando de uma doença, de uma cirurgia, né? E ver que meu trabalho tá ajudando eles a ficarem felizes é muito bom. Isso tudo é muito gratificante para um profissional.

O POVO - Que tipo de música você costuma tocar nesses momentos? Existe algum repertório especial?

Vicente Barroso - Quando eu chego para tocar violino, eu sempre vejo a idade que a pessoa pode ter, pois assim eu tenho uma ideia de que tipo de música vai fazer bem, que vai recordar algum momento da vida da pessoa. Mas também eu pergunto o que ela gostaria de ouvir, qual tipo de música ela gosta, qual cantor ela tem preferência, né? Eu sempre faço essa abordagem. A maioria das vezes, elas dizem: “Não, toca o que você quiser”. E, sempre que eu toco, dá certo. Eles chegam a falar: “Rapaz, essa música que você escolheu é exatamente o que eu gosto, o que eu queria ouvir”. As músicas do Roberto Carlos são muito pedidas, mas também eles pedem músicas clássicas, Bossa Nova, romance e até brega e forró.

O POVO - Como os profissionais de saúde e familiares reagem à sua presença?

Vicente Barroso - A música tem essa magia, né? Ela vai impactando todos aos poucos. Os pacientes sempre estão acompanhados, e muitas vezes é por alguém da família. Às vezes, o paciente tá dormindo, e o acompanhante diz: “Mas eu quero ouvir”. Aí eu toco baixinho ali. Existem também os momentos em que os acompanhantes vibram mais do que o próprio paciente. Tem profissionais que se emocionam e aguardam pela próxima visita.

O POVO - Como foi tocar violino pela primeira vez no hospital?

Vicente Barroso - Tudo começou de forma voluntária, até então eu não havia tocado em hospitais, então, quando surgiu o convite eu aceitei, comecei tocando em outro hospital de Fortaleza, mas foi algo bem breve. Depois de um tempo, surgiu a oportunidade de começar a tocar violino em outro hospital, mas sendo de forma fixa, gostei muito da oportunidade e resolvi aceitar. Não me arrependo de ter aceitado, é uma experiência maravilhosa, só de saber que estou melhorando o dia de paciente e de famílias, é algo bastante legal. A primeira vez foi marcante tanto para mim como para os pacientes, eles ficaram surpresos e eu fiquei feliz por ter conseguido ver de perto como a música pode transformar as pessoas.

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