A morte de Gabrielly Câmara Moreira, de 16 anos, em Pedra Branca, município do Sertão Central do Estado, registrada na madrugada de sexta-feira, 19, ainda é envolta em mistérios. Nesta segunda-feira, 22, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) confirmou que não foram encontrados indícios de agressão sexual no corpo dela.
A família de Gabrielly também relatou que laudo pericial preliminar já emitido constatou apenas que a adolescente tinha restos de alimento na traqueia, não sendo conclusivo, porém, sobre o que pode ter causado o óbito.
O padrasto de Gabrielly, Cícero Hércules Ferreira, afirmou que a conclusão de mais três laudos ainda é aguardada para identificar novos elementos que permitam identificar o que ocorreu com Gabrielly, que era conhecida na região pelas participações em concursos culturais e de beleza.
Em entrevista ao O POVO, Hércules afirmou que os relatos feitos pelas pessoas que estavam com a adolescentes antes da morte dela são conflitantes. De acordo com ele, os três jovens já disseram que Gabrielly havia passado mal, que havia caído e que foi ouvido um “barulho forte” vindo do local onde ela foi encontrada.
O corpo de Gabrielly foi localizado em uma casa que estava em construção. Hércules conta que ela havia saído na noite de quinta-feira, 18, para comemorar com amigos a conclusão de um curso de barbearia.
Ainda de acordo com o padrasto, no início da madrugada, os amigos de Gabrielly contactaram a família dizendo que ela havia passado mal. Quando a mãe e o padrasto de Gabrielly chegaram ao local indicado, depararam-se com uma ambulância do Serviço Móvel de Urgência (Samu), mas a jovem já estava morta.
“Nós chegamos ao local, ela estava em cima de uma cisterna, do lado da casa. Estava em uma posição reta”, descreve Hércules. “E o que eu vi de escoriação nela foi uma escoriação no queixo, duas pequenas no pescoço e no braço direito”.
O padrasto afirma que Gabrielly não havia relatado nenhuma situação que indicasse que ela estava correndo perigo, como, por exemplo, ameaças. Sobre as pessoas com quem a jovem estava antes de morrer, ele conta que não conhecia dois deles, enquanto a outra jovem já frequentava a casa da família há cerca de três meses.
Nenhuma situação que possa vir a levantar suspeita ocorreu durante esse tempo, diz Hércules. As esperanças da família de ver o caso sendo elucidado se depositam na investigação instaurada pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE-).
Em nota, a SSPDS informou que a Delegacia de Pedra Branca investiga as circunstâncias do óbito. O POVO perguntou à pasta quantos depoimentos já foram prestados, mas não obteve resposta.
Em Pedra Branca, instaurou-se um clima de comoção. O cortejo do corpo de Gabrielly atraiu uma multidão, que contou, inclusive, com pessoas a cavalo, uma alusão a uma das paixões da adolescente.
A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Recursos Hídricos de Pedra Branca emitiu nota de pesar destacando, entre outros, o título de Rainha da Cavalgada de Pedra Branca que Gabrielly havia conquistado em 2025 e o título de Princesa da Cavalgada concedido a ela em 2024.
“Sua presença sempre foi sinônimo de alegria, carisma e dedicação, tornando-se um exemplo para a juventude e para toda a comunidade”, prossegue a nota da Secretaria.
Na mesma linha, depõe Hércules. “Era uma menina boa, uma menina que não via maldade nas coisas, assim, uma menina bem inocente”, disse. “Mas, acima de tudo, uma pessoa boa. Tinha felicidade, amava os pais, amava a família dela. Gostava bastante dos amigos. Uma pessoa bem social”.