Um ciclo de debates urbanos organizado por várias entidades de arquitetura e urbanismo no Ceará ocorreu na manhã desta sexta-feira, 26, para discutir soluções para os desafios das cidades e apresentar propostas que poderiam integrar o Plano Diretor de Fortaleza Um plano diretor de um município é uma lei municipal que estabelece as diretrizes para o desenvolvimento e crescimento ordenado da cidade. O documento busca organizar o uso do solo, a infraestrutura e os serviços para garantir a qualidade de vida da população e o cumprimento da função social do espaço urbano. .
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O evento ocorreu no auditório do Sebrae, das 9h às 18h, com programação gratuita e aberta ao público.
Após o Ciclo, os arquitetos formalizaram uma carta de contribuições a partir das discussões, abordando temas cruciais como o crescimento sustentável, a ocupação do solo, as zonas de interesse ambiental e a redução das desigualdades territoriais de Fortaleza.
Ao fim, houve a leitura da carta “Cidades para hoje e para o futuro: compromisso coletivo com Fortaleza”.
O debate foi promovido pelo Colegiado das Entidades Estaduais de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (CEAU) — integrado pelo CAU/CE, AsBEA, IAB-Departamento do Ceará e FENEA —, apoio da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA).
Brenda Rolim, presidente do CAU/CE, e Marília Gouveia, conselheira, explicam que a discussão foi motivada pela necessidade de debater o planejamento urbano e o futuro sustentável das cidades, especialmente em um momento de expansão e de revisão do Plano Diretor de Fortaleza.
“Esse é o primeiro ciclo de debates urbanos. (...) Exatamente nesse momento, onde as discussões do plano diretor, estão no fim numa primeira fase, para passar para a fase de discussão na Câmara. Consideramos que essa data foi estratégica para que haja tempo de fazer essas contribuições”, afirma Marília.
Segundo elas, o foco é promover o engajamento popular e técnico para garantir um crescimento justo e inteligente, abordando temas cruciais como a sustentabilidade ambiental e a justiça social por meio de exemplos internacionais e especialistas locais.
Nesse sentido, o idealizador da Rede Centros Comunitários da Paz (Compaz) de Recife e ex-secretário municipal de Segurança Cidadã, Murilo Cavalcanti, explicou a importância da arquitetura para combater problemas de segurança pública.
Para Murilo, “só a polícia não resolve isso”, ele acha necessário mais arquitetos para planejar a cidade. Ele compartilha suas análises sobre a violência urbana no Brasil, baseadas em seu estudo aprofundado do modelo de transformação de Medellín, na Colômbia.
“É um conjunto de intervenções urbanas que faz com que a criminalidade diminua, né? E Medelim saiu de cidade mais violenta do mundo à cidade mais inovadora. Então Fortaleza vai aprender com o Medellín”, afirma Murilo.
A programação contemplou temas como planejamento urbano participativo, políticas de desenvolvimento territorial, tecnologia em geoinformação, cidades responsivas e experiências locais transformadoras, sempre com foco em pensar cidades mais inclusivas, sustentáveis e voltadas às pessoas.
Entre os convidados estavam Lia Parente (vice-presidente do Ipplan), Ana Clara Mourão (professora da UFMG e consultora da GE21 Geotecnologias), Luís Henrique (consultor do Instituto Cidades Responsivas do Grupo Ospa) e Clarissa Freitas (professora de Urbanismo da UFC).