A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reelegeu nesta terça-feira, 7, o presidente João Martins para um mandato de mais quatro anos, tendo na chapa única vitoriosa o cearense José Amílcar de Araújo Silveira como 2º vice-presidente de Secretaria.
Amílcar falou ao O POVO sobre as perspectivas para o novo ciclo da gestão e fez um balanço do que foi feito até aqui, além de ter abordado temas como o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e a necessidade da qualificação profissional no campo.
Sobre a reeleição da chapa, Amílcar disse encarar como “um reconhecimento do trabalho feito por toda a equipe do Ceará, que vem promovendo uma transformação muito grande. E, para o sistema, acho que isso pesou muito, porque estão vendo a transformação que aconteceu no Ceará. Agora, a gente precisa ajudar também aqui, colaborar com o CNA e ver o que podemos fazer pelo Ceará, nossa terra”.
Especificamente falando do Ceará, disse acreditar que o diferencial foi o crescimento econômico e de qualificação. “Nós crescemos muito. Não é comum o crescimento que aconteceu. As nossas ações cresceram bastante, as ações do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Acho que temos tudo para crescer ainda mais, inclusive se o governo ajudasse um pouquinho mais. Estou satisfeito com o que está acontecendo no Ceará, mas queremos fazer mais”, ressaltou.
Citando mais uma vez o Senar, ele destacou que o sistema é o principal braço de assistência técnica da CNA. “Ele funciona como um termômetro para nós. Quando eu cheguei, a federação não tinha quase nada (de ações do Senar). E, comparando com hoje, crescemos mais de 300%. Esses números mostram a força do Nordeste”, exaltou.
Amílcar também destacou a força dos eventos do setor. “O que está acontecendo no Ceará, rapaz, é que as pessoas ainda não perceberam, mas está havendo uma explosão de eventos agora para o País. Isso tudo é fruto do PEC Nordeste. Todos os setores estão se espelhando nisso. Isso é ótimo para a economia do Ceará”, defendeu.
Nesse sentido, ele destacou a ExpoCariri, que começa em 30 de outubro. “Isso vem de uma proposta diferente, voltada para o plantio. Muita gente quer que a Federação da Agricultura faça um ambiente de negócios. Porque o que vale para a economia mesmo são os negócios. É para o produtor ver o plantio e fechar negócios”, disse.
Por falar em ambiente de negócios, Amílcar Silveira demonstrou preocupação com os impactos do tarifaço no agronegócio cearense. “As exportações do Ceará, 51% do agronegócio, já iam para os Estados Unidos. Mas esse problema do tarifaço prejudicou bastante. O que impacta mesmo são castanha de caju, pescado e água de coco — somos os maiores exportadores do Brasil nesses três produtos — além da cera de carnaúba”, exemplificou.
O presidente da Faec e 2º vice-presidente de Secretaria da CNA também analisou o cenário de crédito e endividamento do produtor rural. Com essas taxas de juros está muito ruim. Tentamos até fazer um financiamento novo, mas não conseguimos, porque os juros estão muito elevados. Minha previsão é que, quando a Selic baixar, a gente volte a operar. Fora do Ceará, o endividamento do agro está aumentando muito. Isso é preocupante”, avaliou.
“O Ceará está um pouco melhor que o resto do Brasil, mas também porque aqui ainda não temos tanto crédito disponível. O crédito existe, mas chega pouco. Com juros altos, fica inviável pedir novos financiamentos. É complicado”, lamenta.