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Primeira mulher negra é empossada na ABL
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Primeira mulher negra é empossada na ABL

Ana Maria Gonçalves é autora de "Um defeito de cor"
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Primeira mulher negra será empossada na ABL hoje
 (Foto: Dani Paiva/Divulgação ABL)
Foto: Dani Paiva/Divulgação ABL Primeira mulher negra será empossada na ABL hoje

A escritora Ana Maria Gonçalves tomou posse na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), ontem, 7, no Rio de Janeiro. Consagrada pela obra "Um Defeito de Cor", eleito como um dos principais livros para se entender o Brasil, ela é a primeira mulher negra a integrar a ABL em 128 anos de existência da instituição e também a mais jovem do atual quadro de imortais.

A cerimônia foi realizada no Petit Trianon, na sede da ABL, no Centro do Rio.

Desde a fundação da ABL, Ana Maria é a 13ª mulher a ser eleita e a sexta entre os atuais "imortais". Na cerimônia, a autora  foi recebida por Lilia Schwarcz. A escritora recebeu o colar de Ana Maria Machado e o diploma de Gilberto Gil. 

Durante o discurso, Ana Maria lembrou que durante muitas décadas houve um processo deliberado de exclusão de mulheres e outros grupos.  "Acredito que a discussão em torno da candidatura da escritora Conceição Evaristo em 2018 contribuiu para eu estar aqui hoje. Independentemente do resultado, foi uma candidatura que fez com que a ABL olhasse para si e, diante da sociedade, finalmente percebesse o quão homogênea ainda era, o quanto falhava em representar dentro de seus quadros todas as línguas faladas pelo nosso povo", refletiu.

Trajetória profissional
Ana Maria Gonçalves sucede o professor, gramático e filólogo brasileiro Evanildo Bechara, que faleceu em maio deste ano.

Ela nasceu em Ibiá, em Minas Gerais, em 1970. É roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa e sócia-fundadora da empresa Terreiro Produções.

Ana Maria é autora de Ao lado e à margem do que sentes por mim e Um defeito de cor, ganhador do prêmio Casa de Las Americas (Cuba, 2007) e eleito um dos principais livros para se entender o Brasil.

O livro levou cinco anos para ser concluído, sendo dois anos de pesquisa, um de escrita e dois de reescrita. Em 2024, foi enredo da Escola de Samba Portela.

Ela publicou contos em Portugal, Itália e nos Estados Unidos, onde morou por oito anos e ministrou cursos e palestras sobre questões raciais. Foi escritora residente nas Universidades de Tulane (New Orleans), Stanford (California), e Middlebur (Vermont).

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