O Congresso concluiu na última semana a votação do projeto de lei da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. O texto, que inclui medidas para taxação de alta renda, foi aprovado por unanimidade nas duas casas legislativas e segue agora para sanção presidencial.
É uma sinalização importante no caminho de maior justiça tributária, mas que evidencia também que o projeto não era exatamente o "bicho de sete cabeças" que o mercado pintou quando o Governo apresentou a proposta, em março deste ano.
E só não foi, em grande parte, por conta da pressão popular. A Câmara, principalmente, usou a pauta como forma de atenuar o desgaste após manifestações nas ruas pelo fim da PEC da Bandidagem.
Mas o Governo também fez o dever de casa. Acertou ao condicionar o alívio aos mais pobres com a taxação de quem ganha acima de R$ 600 mil. Além disso, foi diversas vezes ao Congresso tirar dúvidas, acompanhou ponto a ponto, e apresentou o projeto, de forma clara e acessível ao grande público, para que a população pudesse se apropriar dessa discussão.
O projeto em si ainda não resolve toda a desigualdade que acompanha o sistema tributário brasileiro. É possível, por exemplo, avançar na tributação da alta renda, mas foi um grande passo desonerar a baixa renda e dar alívio a quem ganha até R$ 7,3 mil.
O que deve se refletir, já em 2026, em uma trégua no bolso dos mais endividados, melhora da qualidade de vida, estímulo ao comércio com efeito multiplicador na economia.