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EUA afirma que plano para acabar com invasão russa da Ucrânia é bom para ambos
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EUA afirma que plano para acabar com invasão russa da Ucrânia é bom para ambos

Ceder territórios e diminuir exército estaria entre os pontos do plano de paz
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CARRO em chamas no local de um ataque aéreo em Zaporizhzhia, ontem (Foto: Darya NAZAROVA / AFP)
Foto: Darya NAZAROVA / AFP CARRO em chamas no local de um ataque aéreo em Zaporizhzhia, ontem

Os Estados Unidos insistiram, nessa quinta-feira, 20, em que o plano  de suportamente 28 pontos para acabar com a guerra entre Rússia e Ucrânia, apoiado pelo presidente Donald Trump, é benéfico para ambas as partes, ao desconsiderar as preocupações de que o projeto acolhe muitas exigências de Moscou.

Segundo um esboço do documento ao qual a reportagem teve acesso nessa quinta-feira, a Ucrânia cederia as regiões administrativas de Donetsk e Luhansk à Rússia. Além de ceder essas regiões do leste que pertencem à Ucrânia atualmente, Kiev aceitaria limitar seu exército a 600 mil efetivos.

De acordo com o plano, aviões de combate europeus ficariam posicionados na Polônia para proteger a Ucrânia. Mas não haveria tropas da Otan em território ucraniano e Kiev aceitaria jamais se juntar à aliança militar do Atlântico Norte.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, revelou que o enviado especial americano Steve Witkoff e o secretário de Estado Marco Rubio tinham trabalhado "discretamente" no projeto durante um mês.

"Está em processo de negociação e ainda está em revisão, mas o presidente apoia este plano. É um bom plano tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia, e acreditamos que deveria ser aceitável para ambas as partes", declarou.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, se reuniu em Kiev com uma delegação do Pentágono liderada pelo secretário do Exército dos Estados Unidos, Daniel Driscoll.

Após o encontro, destacou que qualquer acordo para pôr fim à invasão russa de fevereiro de 2022 deveria trazer "uma paz digna" que respeite "nossa independência, nossa soberania e a dignidade do povo ucraniano".

O gabinete de Zelensky afirmou que esperava discutir o conteúdo do plano com Trump nos próximos dias.

No terreno, a Rússia reivindicou a tomada de Kupyansk na frente oriental da Ucrânia. O Exército de Kiev, por sua vez, negou ter perdido essa localidade-chave, que já tinha perdido para Moscou em 2022, e que depois recuperou.

A seguir, o que se sabe sobre a proposta apoiada por Trump.


- Território -

Uma fonte familiarizada com assunto compartilhou com a AFP alguns aspectos do plano que supostamente, tem 28 pontos. Ao que parece, contém demandas importantes da Rússia que a Ucrânia já rejeitou no passado e equiparou a uma capitulação. Ao mesmo tempo, não deixa claro quais compromissos a Rússia assumiria em troca.

O plano, de acordo com a fonte, estabelece o "reconhecimento da Crimeia e de outras regiões que os russos tomaram".

Em 2022, o Kremlin reivindicou a anexação de quatro regiões administrativas da Ucrânia -- Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson --, embora não as controle na totalidade.

A Rússia também anexou a península da Crimeia em 2014, um território que está sob domínio absoluto de Moscou.

A Rússia havia exigido anteriormente que a Ucrânia se retirasse completamente de Donetsk e Luhansk, no leste, em troca de congelar a linha de frente nas regiões de Zaporizhzhia e Kherson, situadas mais ao sul.

Apesar de as autoridades ucranianas terem afirmado diversas vezes que nunca reconheceriam o controle russo sobre seu território, admitiram que poderiam ser forçadas a isso.


- Tropas e armamento -

O plano também inclui uma redução do Exército ucraniano para 400.000 efetivos, inferior à metade de seu tamanho atual, disse a fonte.

Além disso, Kiev deveria renunciar a seu armamento de longo alcance.

Outros meios informaram que estaria completamente proibido o destacamento de tropas ocidentais na Ucrânia.

Essas condições encaixam com as demandas russas, que incluem reduzir as forças armadas ucranianas, proibir novos recrutamentos e paralisar o envio de armas ocidentais.

A Ucrânia quer garantias de segurança dos países ocidentais, entre elas uma força de paz europeia, para prevenir novos ataques russos. A proposta supostamente inclui disposições desse tipo.


- De quem é o plano? -

O site Axios disse que o plano foi elaborado em conversas secretas entre o governo de Donald Trump e as autoridades russas.

"Parece que os russos propuseram isto aos americanos e eles aceitaram", afirmou o alto funcionário à AFP.

"Um matiz importante é que não entendemos se isso é uma coisa de Trump" ou de "seu entorno", acrescentou.

O responsável pela diplomacia americana, Marco Rubio, afirmou que "uma paz duradoura vai requerer que ambas as partes aceitem concessões difíceis, mas necessárias".

Desde que voltou à Casa Branca, a postura do presidente americano sobre a guerra na Ucrânia tem oscilado drasticamente.


- Impulso à diplomacia? -

A Ucrânia confirmou na quinta-feira que recebeu o plano e disse que, segundo a análise de Estados Unidos, "poderia dar novo impulso à diplomacia".

A Presidência ucraniana também disse que o país estava pronto para trabalhar sobre o seu conteúdo.

O Kremlin não quis fazer comentários ao ser questionado a respeito.

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