O POVO realizou mais uma edição do ato ecumênico, evento que reúne representantes de diferentes crenças, na noite desta quinta-feira, 27. Evento aconteceu na sede do jornal, na avenida Aguanambi, em Fortaleza, e destacou a importância do dialógo, celebrando a cultura do encontro e a diversidade religiosa.
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O tema escolhido para este ano foi "Não temas", e as reflexões foram guiadas pelos celebrantes: Mãe Viviane do Caboclo Sete Flechas, reverendo Munguba Jr. e o padre Macerlândio Teixeira.
Para Luciana Dummar, presidente institucional e publisher do Grupo de Comunicação O POVO, momento foi de acolhimento e respeito. "Esta casa respeita todas as diferenças e eu, pessoalmente, sou uma mulher muito devotada a Deus, em todas as suas formas, cores, modos. Todo ano, a gente abre esta casa para receber essas diversas congregações", diz.
Celebração contou com músicas religiosas, entoadas pela banda Longe Acústico, e reflexões sobre o "medo", seja ele das adversidades, do futuro, ou daquilo com o qual não temos muita vivência.
"A gente tem que viver, e vale a pena viver. Então quando você tem medo, você se tolhe e você não vive aquilo que Deus tem para a sua vida. Então vale a pena conhecer o diferente [...] Porque o diferente ele não é o meu inimigo, o diferente é o meu professor. Ele me ensina", reflete o pastor Munguba Jr.
Já o padre Macerlândio Teixeira destacou que o diálogo ecumênico é um "exercício de humanidade", um "gesto de confiança no outro" e que, portanto, é um meio de superação do medo.
"Em um estado onde convivem católicos, evangélicos, espiritas, religiões afro-brasileiras e também expressões da espiritualidade humana, afirmar 'não temas' é compromisso com a paz social, sobretudo", disse, reforçando a importância do respeito às diferenças e a valorização da dignidade de cada pessoa.
Representante da Umbanda, Mãe Viviane do Caboclo Sete Flechas, em entrevista antes da cerimônia, falou sobre a importância de momentos como este e de estar entre os celebrantes da noite.
"É de extrema importância, pois quebra muitos tabus dentro das religiões. [Promove] A união, a paz, que a gente que é umbandista tanto busca, que infelizmente a nossa religião sofre preconceito, nos dias de hoje menos, porque tem as leis que nos protegem, nos cobrem. Mas isto [o ato] é muito importante. Mais importante ainda para mim é poder representar a minha Umbanda, a minha religião. É um orgulho", disse.
O ato também deu a oportunidade de participantes se sentirem representados. Como Sandra Maria, 50, que é da Umbanda. Há mais de uma decáda ela trabalha no O POVO e diz se sentir "acolhida" no jornal, frisando que a celebração reforçou o sentimento de que sua crença é importante também ali.
"As pessoas não me renegaram, não me discriminaram. Pelo contrário, fui muito acolhida aqui. Todo mundo sempre me respeitou. E até hoje eu sou respeitada. Eu gosto muito de trabalhar aqui", diz.
A profissional de serviços gerais também comentou sobre a importância de combater o preconceito religioso. "[As pessoas] Acham que a Umbanda é só coisas ruins, pessoas de pensamentos pequenos, e não é assim, coisas ruins. Pelo contrário, porque a gente crê em Deus. Deus vem acima de tudo e de todos. Não se cai uma folha no chão sem a permissão de Deus. Então, Deus vem em primeiro lugar segundo os nossos guias, que a gente cultua, que a gente ama e que nos ajuda", diz.