O mercado varejista foi duramente atingido pela pandemia de Covid-19 no Ceará, no Brasil e no mundo, com muitas lojas não resistindo às restrições adotadas pelos diferentes governos na tentativa de frear a crise sanitária. Mas, por outro lado, a nova realidade acelerou algumas tendências que já vinham sendo discutidas ou implantadas muito gradativamente.
Nesse contexto, a difusão do chamado ‘phygital’ se expandiu tanto entre as grandes redes quanto entre os micro e pequenos negócios. Mais recentemente, houve um movimento de empresas do segmento em novos espaços digitais, tais como a chamada Web 3.0 e o Metaverso, principalmente nos Estados Unidos. Além disso, novos produtos entraram no radar do varejo pelo mundo, como os chamados NFTs (sigla inglesa para Token Não Fungível), ou traduzindo para o bom português: itens digitais raros e colecionáveis.
De olho nas novas possibilidades, empresas e estudiosos do varejo do Brasil participaram, no último mês de janeiro, da principal feira mundial do segmento, o NRF 2002 – Retail’s Big Show, que contou com 40 mil profissionais de 96 países. A edição desse ano foi a primeira realizada presencialmente, mais precisamente na cidade de Nova York (EUA), desde a eclosão da pandemia. Entre os representantes do País no evento esteve a rede Ancar Ivanhoe, que administra quatro shoppings centers no Ceará, o North Shopping Fortaleza, o North Shopping Jóquei, o North Shopping Maracanaú e o Via Sul Shopping.
A gerente regional de marketing da rede Ancar Ivanhoe no Nordeste, Sara Dantas e Melo, destaca que “algumas das tendências apresentadas na NRF já fazem parte do planejamento estratégico da companhia que vem se desenvolvendo ao longo dos últimos anos, como a integração entre lojas físicas e online, e os diversos projetos de sustentabilidade. A integração entre loja física e digital já é uma realidade de muitas marcas presentes nos nossos equipamentos, os shoppings contam com localizações estratégicas que em certos momentos assumem a função centro de distribuição”.
Ela acrescenta que essa logística permite “uma experiência de compra integrada, seja no conhecimento do produto material para a compra online, ou no processo inverso, de compra online e retirada na loja física”. A profissional ressalta a importância da qualificação permanente de quem empreende ou trabalha no varejo, diante desse cenário vertiginoso de mudanças tecnológicas. “O intuito é preparar os varejistas para os desafios da transformação digital e as mudanças de comportamento de consumo de maneira assertiva e engajadora”, explica Sara ao citar a Universidade do Lojista, iniciativa criada pela rede nessa direção.
Por sua vez, o especialista em reestruturação comercial do Grupo Ruanda, Diego Azevedo, avalia que ainda existe um delay, ou seja, uma diferença de tempo, entre o desenvolvimento de novos conceitos no varejo em países como os Estados Unidos e a chegada no Brasil, mas que com o avanço do digital essa distância começa a ser reduzida ano após ano.
“O acesso à comunicação tem permitido uma maior sincronia dentro do segmento varejista. A gente consegue ver coisas que estão acontecendo, de imediato. O grande desafio ainda é conseguir executar também de imediato e para isso é importante buscar iniciativas que possam ser implantadas também com velocidade”, explica Diego.
“O próprio Metaverso não vai ser uma realidade implantada tão rápida, nem sequer nos Estados Unidos, mas quem ainda não despertou o pensamento para a multicanalidade e para a transformação digital que foi acelerada em, pelo menos cinco anos, com a pandemia, está ou entrará em um cenário caótico”, adverte o especialista.
Em resumo, dentro do varejo cearense e brasileiro, um negócio pode até não sair correndo para ingressar no mercado de NFTs, mas se não começar a buscar conhecimento sobre as novas possibilidades de integração entre o mundo físico e o mundo digital pode acabar em uma espécie de limbo comercial.
NOVAS TENDÊNCIAS DO VAREJO
Integração loja física e o digital
As lojas físicas e digitais estão cada vez mais integradas, fundidas e entregando mais comodidade. A loja física continua sendo importante para reforçar o posicionamento das marcas e gerar experiências, mas fica cada vez mais digital com a mentalidade phygital. Assim, o universo físico se torna tão transacional quanto o digital e o digital vai se tornar tão experimental quanto o físico.
Tecnologia e experiência de compra
As lojas integram tecnologia à experiência de compra, com vendedores especialistas. O produto pode ser escolhido pelo app ao escanear o código de barras. Em seguida, o cliente pode escolher se quer levar o produto na hora, retirar na área de pick-up ou enviar ao provador para experimentá-lo. Feita a escolha, é só pagar pelo app e sair da loja.
Novos serviços
Além disso, as lojas passam a ofertar mais e mais serviços, desde os habituais ajustes em peças, personalização, consultores de moda, alfaiates e muito mais. Este modelo reforça a máxima de que serviços são a nova experiência e a amplificação deles faz com que o cliente compre mais, aumentando assim o lucro das empresas.
Web 3.0, Metaverso e NFTs
Marcas como Lancôme, Nike, Adidas, Ralph Lauren têm entrado neste universo e, à medida que os grandes players se movimentam, aumenta o interesse no assunto e a sua capilaridade. E como conhecer cada vez mais o consumidor para entregar o que ele busca? É preciso ter dados e garantir que eles estejam sendo utilizados para tomada de decisão.
Diversidade e Sustentabilidade
A geração Z, que será 50% do mundo em oito anos, não tolera preconceitos, ela quer autenticidade e consistência das marcas, que devem ter respaldo de ações reais para cada causa apoiada. É preciso olhar com mais atenção para a sustentabilidade, integrar ao modelo e à visão do negócio. Quando falamos em sustentabilidade e diversidade é importante olhar para toda a cadeia do negócio.
Fontes: Rede Ancar Ivanhoe/NRF 2022