Os indígenas no Equador e a polícia entraram novamente em conflito ontem, em Quito, no 10º dia de protestos contra os ajustes econômicos acordados entre o governo de Lenín Moreno e o FMI, após a convocação das lideranças para intensificar as ações na ausência de diálogo. Os distúrbios eclodiram nos arredores da sede do Legislativo, que havia sido brevemente ocupado pelos indígenas na última quarta-feira, 9.
Os manifestantes jogaram pedras e coquetéis molotov em policiais, que tentaram dispersá-los com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Veículos de choque avançaram em direção a homens encapuzados. Os indígenas foram interceptados próximo ao estádio de Ágora, onde está concentrada a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), umas das lideranças do protesto.
Esses choques coincidiram com a chegada de indígenas da Amazônia equatoriana a Quito. Eles se juntaram aos indígenas do centro andino que entraram na capital na segunda-feira, desafiando o estado de exceção imposto por Lenín Moreno no início do protesto. Por causa dos protestos, Moreno deixou o controle da ordem pública para os militares e transferiu a sede do governo de Quito para o porto de Guayaquil.
Na última quinta-feira, a liderança indígena afastou qualquer tentativa de diálogo buscada pelo governo, a pedido da ONU e da Igreja Católica, em busca de uma saída para crise desencadeada pelo fim dos subsídios aos combustíveis e o consequente aumento dos preços em até a 123%. Abalada pela morte de um líder indígena nas manifestações, a Conaie prometeu "radicalizar" suas ações por meio de bloqueios de estradas e prédios públicos.
Moreno enfrenta sua maior crise devido aos empréstimos milionários com o FMI para aliviar o déficit fiscal que culpa o desperdício, o endividamento e a corrupção do governo de seu antecessor Rafael Correa. Os povos indígenas, que representam 25% dos 17,3 milhões de equatorianos, são o setor mais punido pela pobreza e trabalham principalmente no campo. Com a liberação dos preços dos combustíveis, eles precisam pagar mais para transportar seus produtos. (AFP)
Confira imagens da sexta-feira de protestos em Quito