Logo O POVO+
EUA e China não estão interessados em encerrar disputa, diz analista
Mundo

EUA e China não estão interessados em encerrar disputa, diz analista

Perspectivas. Crise diplomática
Edição Impressa
Tipo Notícia

A ordem dos Estados Unidos para que a China feche consulado no Texas e a resposta chinesa determinando o fechamento do consulado americano em Chengdu é algo sem precedentes na história da relação diplomática entre os dois países, iniciada no fim dos anos 1970, e só tende a piorar daqui para a frente. A avaliação é do pesquisador Oliver Stuenkel, coordenador da pós-graduação em relações internacionais da FGV.

"É uma espiral e nenhum dos dois estão interessados em encerrar esse processo agora. Há uma demanda pública na China para que o país responda à altura essas ações dos americanos", diz.

Stuenkel lembra que os EUA já chegaram a pedir fechamentos de outros consulados, como o da Rússia, mas que esse passo com relação à China é "novo e muito grave". "Faz parte de uma deterioração muito grande e essa decisão não vai reduzir as tensões. A situação vai piorar ainda mais", prevê.

Na avaliação de Stuenkel, a disputa política com a China pode ser vista como uma das maneiras de Donald Trump tentar conquistar mais apoio eleitoral com demonstração de firmeza e se projetando contra o país em uma disputa geopolítica. "Ele quer, obviamente, dizer que Joe Biden seria mais fraco em relação à China. Faz parte desse contexto eleitoral", afirma.

No fim de junho, uma pesquisa do New York Times/Siena College mostrou que Biden tem 50% das intenções de voto e Trump, 36%. Na quinta-feira, uma pesquisa da Quinnipiac University mostrou vantagem de 13 pontos de Biden sobre Trump (51-38) na Flórida, um Estado-chave para a disputa.

"O que acontece agora nas relações entre Estados Unidos e China já era esperado e vai piorar muito. Não podemos descartar posturas muito radicais como banir viagens de membros do Partido Comunista e de suas famílias para os EUA", medida que, segundo o governo Trump, impactaria cerca de 270 milhões de pessoas. (Agência Estado)

 

O que você achou desse conteúdo?