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Biden se aproxima do "número mágico" para ser eleito; Trump ensaia discurso golpista
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Biden se aproxima do "número mágico" para ser eleito; Trump ensaia discurso golpista

Sem apresentar provas, presidente disse que há "fraude" na eleição. Já o democrata precisa vencer em apenas mais um ou dois estados para chegar aos 270 delegados e prevalecer na eleição presidencial
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O presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição pelo Partido Republicano, Donald Trump, fez pronunciamento na noite de ontem, na Casa Branca, e, sem apresentar provas, alegou "fraude eleitoral" envolvendo os votos pelo correio na eleição presidencial deste ano. O bilionário aumentou o tom e, desta vez, apontou como fraudulentas as quedas de margens de liderança que ele tinha em alguns estados do País.

"Nós estávamos ganhando em diversos estados com uma grande margem, mas os votos começaram magicamente a mudar", disse. Trump prometeu ações judiciais em estados-chave na disputa, entre eles alguns em que ainda liderava até a madrugada de hoje, como a Pensilvânia. Mas com a probabilidade de que seu adversário, o democrata Joe Biden, tome a liderança quando computados os votos por correio, Trump não esperou. 

O presidente também criticou as pesquisas eleitorais e disse que elas serviram "para deixar os eleitores republicanos em casa e reduzir a capacidade de levantar fundos". O pronunciamento colocou em xeque não apenas o processo eleitoral, mas a democracia dos Estados Unidos. "Se vocês contarem os votos legais, eu ganho facilmente a eleição! Se vocês contarem votos ilegais e atrasados, eles podem roubar a eleição de nós!", afirmou a jornalistas na Casa Branca. 

Grandes emissoras americanas, como a ABC, NBC e CBS, interromperam suas respectivas transmissões do pronunciamento de Trump quando ficou evidente que o próprio presidente dos EUA, colocaria a lisura do processo democrático em xeque com alegações sem qualquer indício de comprovação.

"Ele está fazendo, francamente, afirmações falsas; e isso não é ser parcial. É constatar fatos", disse uma âncora do canal ABC. O jornal New York Post, que havia declarado apoio à reeleição de Trump, apontou que ele fez "declarações infundadas" durante o pronunciamento. A rede social Twitter já notificou pelo menos oito postagens do presidente como contendo informações “contestáveis” e podendo ter “informações incorretas” nas últimas 24 horas.

Votos pelo correio aumentaram a margem de Joe Biden, virando o jogo em estados-chave da disputa
Votos pelo correio aumentaram a margem de Joe Biden, virando o jogo em estados-chave da disputa (Foto: ANGELA WEISS / AFP)

Em Nova York, protestos voltaram a ser registrados após o discurso presidencial. Manifestantes foram às ruas pedir, dentre outras coisas, que a contagem de votos continue por todo o país. Mesmas palavras de Joe Biden que, no Twitter, escreveu: “Ninguém vai tirar nossa democracia de nós. Nem agora, nem nunca. A América foi longe demais, travou muitas batalhas e suportou muito para permitir que isso acontecesse”.

Enquanto pressiona pelo seguimento da votação no Arizona, onde Biden lidera, na Geórgia, um dos estados decisivos, Trump tentou parar contagem de votos à tarde. 

Na Geórgia, um dos estados decisivos, Trump tentou parar contagem de votos à tarde. Até a 1 horas de hoje (horário de Fortaleza), o democrata estava cerca de 1.700 votos atrás, segundo o New York Times, e com tendência de virada durante a madrugada. Caso vença o estado, o democrata vai a pelo menos 269 delegados, garantindo pelo menos o empate.

Na Pensilvânia, o presidente norte-americano até conseguiu paralisar a contagem por um momento, solicitando que observadores republicanos tivessem maior acesso ao voto, ficando a dois metros das mesas de apuração. Até a 1 hora de hoje, Trump liderava por 26 mil votos, mas Biden diminuía a vantagem a cada nova atualização; 95% dos votos haviam sido apurados.

Também houve ações da campanha de Trump relacionadas a apuração na Pensilvânia e em Nevada, além de Michigan e Wisconsin, onde Biden foi declarado vencedor pelos analistas.

Na Pensilvânia, o presidente norte-americano até conseguiu paralisar a contagem por um momento nas cidades de Filadélfia e Pittsburgh, solicitando que observadores republicanos tivessem maior acesso ao voto, ficando a dois metros das mesas de apuração.

Com exceção do republicano Alaska, a diferença na maioria dos estados em aberto não supera 1,5%. Diferentemente do Brasil, que possui o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os Estados Unidos não contam com um órgão federal para apurar votação. Ou seja, fica a cargo de cada estado apurar os votos e divulgar seus respectivos resultados. As contestações de resultados também são feitas separadamente. Já as projeções de vencedor são feitas pela imprensa, sites e instituições especializadas. Segundo estes segmentos, a vantagem no placar de delegados é de Biden (ver gráfico).

Analistas têm avaliado a judicialização da eleição como uma estratégia de Trump para fazer a contagem se arrastar em determinados estados e, assim, a definição em si. A reunião do Colégio Eleitoral para definir o presidente está marcada para o dia 14 de dezembro.

Já Biden fez apenas um discurso durante o dia, no qual pediu “paciência” e reforçou que os votos estavam sendo contados. “Nós nos sentimos bem sobre onde estamos”, comentou sobre seu desempenho. Ambos os candidatos tem pedido que apoiadores façam doações para suas respectivas campanhas, já visando o financiamento de batalhas judiciais que se anunciam em estados que definirão a eleição deste ano.

 

Eleições nos EUA 

As eleições nos Estados Unidos (EUA) em 2020 são marcadas por incertezas e um cenário eleitoral imprevisível. De um lado, Donald Trump (Republicanos) tenta uma reeleição em meio a um índice crescente de desaprovação. Do outro, Joe Biden, do Democratas, se apoia em pautas sociais e discursos populistas para conquistar votos. 

>> Apuração em Wisconsin e Michigan põe Biden mais perto da vitória

Acompanhe em tempo real a apuração do resultado das eleições nos EUA para a Presidência, Senado e Câmara. 

 

 

 

 

 



As eleições americanas são disputadas em dois níveis, primeiro nos estados e após em nível nacional. Cada estado, a depender da extensão de seu colégio eleitoral, representa uma determinada quantidade de votos para a disputa a nível nacional. Desse modo, o cenário eleitoral presidencial americano é composto por um total de 538 votos, expressos por cada estado, sendo necessários ao menos 270 para se chegar à Casa Branca.

Os primeiros resultados, com base em projeções da imprensa americana, atribuem até o momento vitória a Trump em 27 estados, incluindo Indiana, Kentucky, Missouri, Tennessee e Virgínia Ocidental - estados em que ele venceu em 2016. Até o momento, Biden venceu em 22 estados, incluindo seu reduto, Delaware, Nova York, com seus 29 votos ao Colégio Eleitoral, e Califórnia, com 55, além do Distrito de Columbia, com apenas 3, mas com importância simbólica porque é onde fica a capital americana.



VEJA A LISTA DE ESTADOS QUE JÁ ENCERRARAM SUAS RESPECTIVAS CONTAGENS DE VOTOS E O VALOR DE CADA UM DENTRO DO COLEGIADO ELEITORAL AMERICANO

ESTADOS QUE ELEGERAM JOE BIDEN

 

Washington - 12
Vermont - 3
Massachusetts - 11
Delaware - 3
Virginia - 13
Maryland -10
Illinois - 20
Colorado - 9
Nova York - 29
Nova Jersey - 14
Novo México - 5
Distrito de Columbia - 3
Nova Hampshire - 4
Oregon - 7
Califórnia - 55
Minnesota - 10
Connecticut - 7
Maine - 2
Michigan - 16
Rhode Island - 4
Havaí - 4
Wisconsin- 16


ESTADOS QUE ELEGERAM DONALD TRUMP

Indiana - 11
Kentucky - 8
Tennessee - 11
Alabama - 9
Florida - 29
Missouri - 10
Oklahoma - 7
Virginia do Oeste - 5
Mississipi - 6
Missouri - 10
Arkansas - 6
Kansas - 6
Louisiana - 8
Dakota do Sul - 3
Dakota do Norte - 3
Utah - 6
Wyoming - 3
Carolina do sul - 9
Montana - 3
Idaho - 4
Nebraska - 2
Texas - 38
Iowa - 6
Ohio - 18

ESTADOS AINDA EM CONTAGEM

Nevada - 87%

Com seis votos eleitorais válidos, Nevada segue na contagem com 49,5% dos votos válidos para Biden e 48,5% para Trump. Caso o Estado mantenha o número de votos válidos acima de Trump, o democrata pode ser considerado o 46º presidente dos EUA.

Alaska - 56%
O Estado contabiliza três votos eleitorais e segue com vantagem para Trump, com 62,9%. Biden está com 33%.

Pensilvânia - 91%
Com 20 colegiados eleitorais, o Estado segue dando vantagem para Trump nos votos. 
Biden acumula 48,3%.

Carolina do Norte - 95%
Com 15 colegiados, Donald Trump segue na frente da contagem com 50,1% dos votos.
Joe Biden está com 48,7%.

Georgia - 96%
O Estado acumula 16 votos eleitorais e é um dos decisivos nas eleições americanas. A vantagem segue para Trump, com 49,6%. Já Joe Biden acumula 49,2%.

Arizona- 88%

O estado já tem acumulado 11 votos eleitorais e o candidato que segue em vantagem é o democrata Biden, com 50,49% dos votos contra 48,14% do republicano Trump.

*A diferença de pontos entre o exposto na listagem e o divulgado pelo site americano Decision Desk ocorre por conta de estados que ainda não encerraram a votação, mas já possuem um candidato como majoritário dentre os votos já computados. A medida que o registro dos votos for sendo atualizado, a lista também será

ELEIÇÕES NO EUA: A DISPUTA DE 2020

O voto, que nos EUA não é obrigatório, ganhou um apelo simbólico nestas eleições onde também serão escolhidos os próximos deputados e senadores americanos. O movimento que busca incentivar o voto dentre a população se intensificou com a participação de artistas mundiais em ambas as campanhas, bem como por cenários externos como a pandemia de Covid-19 e os intensos protestos pela igualdade racial e pelo fim da violência policial contra a população negra.

LEIA MAIS | Resultados em Geórgia e Nevada podem decidir eleição dos EUA hoje

A gestão de Trump não agradou parte de sua base de aliados e o candidato perdeu votos enquanto Biden crescia pesquisa após pesquisa. A estimativa é que mais do que em qualquer outra eleição americana, os estados-pêndulos, aqueles que não possuem um partido político majoritário em seus territórios, irão definir o próximo gestor da Casa Branca. Além da Geórgia, poderiam definir a eleição presidencial: Pensilvânia, Flórida, Carolina do Sul, Arizona e Michigan.

SAIBA MAIS SOBRE AS ELEIÇÕES AMERICANAS



















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