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Bolsonaro mantém silêncio sobre eleição dos Estados Unidos
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Bolsonaro mantém silêncio sobre eleição dos Estados Unidos

|SEM FALAR|O presidente do Brasil visitou ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, mas não falou com a imprensa. Ele é um dos poucos presidentes que não reconheceram a eleição do democrata
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JOE BIDEN visitou o local onde está 
enterrado seu filho Beau Biden, que morreu aos 46 anos (Foto: ANGELA WEISS / AFP)
Foto: ANGELA WEISS / AFP JOE BIDEN visitou o local onde está enterrado seu filho Beau Biden, que morreu aos 46 anos

Mantendo silêncio sobre a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro deixou o Palácio do Alvorada no início da tarde ontem, 8, para uma visita fora da agenda à Granja do Torto, onde atualmente reside o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Bolsonaro não falou com a imprensa. Ele continua mantendo suspense sobre uma possível congratulação ao democrata por sua vitória nas urnas contra o atual presidente dos EUA, o republicano Donald Trump. Nem a assessoria da Presidência nem a do ministro da Economia confirmaram, até o momento, o motivo do encontro.

No sábado, de acordo com fontes do Planalto, Bolsonaro reagiu com "tranquilidade" ao resultado e reforçou que vai esperar um "quadro concreto" para se pronunciar. Ainda segundo integrantes do governo, o presidente considerava qualquer pronunciamento "uma afobação" e iria aguardar o término dos processos judiciais movidos por Trump - que não reconhece a derrota e contesta o resultado alegando, sem provas, fraudes no processo eleitoral.

O comportamento de Bolsonaro segue recomendações de sua assessoria para o cenário de vitória com margem apertada de votos e a contestação judicial por parte do aliado, o republicano Donald Trump. Esse era o conselho dado ao presidente nesta hipótese. Havia uma preocupação de evitar o que poderia ser considerado uma precipitação na comunicação virtual.

Na sexta-feira, 6, Paulo Guedes disse que a vitória do candidato democrata Joe Biden não vai atrapalhar o crescimento do Brasil.

Depois da torcida explícita do presidente Jair Bolsonaro pela reeleição do presidente norte-americano Donald Trump, Guedes foi um dos primeiros integrantes do governo a admitir que a vitória do democrata era iminente, como mostravam as apurações dos votos nos EUA.

"Havendo a mudança nos Estados Unidos, eventualmente, e parece que os dados indicam que isso está próximo de acontecer, não afeta a nossa dinâmica de crescimento. O Brasil vai crescer independentemente do que acontecer lá fora", afirmou, em evento virtual do Itaú.

"Não vamos superestimar relacionamento político. O crescimento do Brasil depende de nós. As relações lá fora, umas ajudam, outras atrapalham. Pode ser que a proximidade com um país ajude geopoliticamente e atrapalhe na tecnologia, ou vice-versa", completou.

Em sua fala, Guedes voltou a usar a metáfora de uma festa para se referir ao cenário geopolítico e disse que Estados Unidos e China vinham "dançando de rosto colado" há muitos anos. "O Brasil chegou atrasado, já estava todo mundo bêbado. Nós estamos dançando com qualquer um, queremos dançar com todo mundo", completou. (Com agências)

 

Reações de dirigentes mundiais

Vários dirigentes mundiais parabenizaram Joe Biden após o anúncio de sua vitória nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, que encerrará o tumultuado mandato de Donald Trump.

União Europeia 

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, saudaram a eleição de Biden. Eles também apostam na reconstrução de uma "relação firme" entre a UE e os Estados Unidos, depois que Trump manteve relações tensas com alguns dos principais líderes europeus.

Otan 

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também felicitou o candidato democrata e disse estar "ansioso por trabalhar" com este "forte apoiante da Aliança Atlântica". "Uma OTAN robusta é uma coisa boa tanto para a América do Norte quanto para a Europa", disse Stoltenberg.

Israel

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu parabenizou Joe Biden e o chamou de "grande amigo de Israel". "Parabéns a Joe Biden e Kamala Harris. Joe, nos conhecemos há quase 40 anos, nosso relacionamento é cordial e sei que você é um grande amigo de Israel", escreveu Netanyahu no Twitter.

Autoridade Palestina 

O presidente palestino Mahmoud Abas expressou em comunicado seu desejo de "trabalhar com o presidente eleito Joe Biden e sua administração para fortalecer as relações e garantir a liberdade, independência, justiça e dignidade do povo palestino".O presidente Trump adotou uma política muito pró-Israel, levando os palestinos a romper relações com Washington.

França 

O presidente francês Emmanuel Macron parabenizou Biden e pediu-lhe que agisse "junto" para "enfrentar os desafios atuais". Temos muito que fazer para enfrentar os desafios de hoje. Vamos agir juntos!", disse o francês no Twitter.

Canadá 

"Estou ansioso para trabalhar com o presidente eleito Biden, a vice-presidente Harris, sua administração e o Congresso dos Estados Unidos para que possamos superar os maiores desafios do mundo juntos", escreveu o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau em um comunicado.

Japão 

O primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga pediu o fortalecimento dos laços entre os dois países. "Cordiais parabéns a @JoeBiden e @KamalaHarris. Espero trabalhar com vocês para fortalecer ainda mais a aliança Japão-Estados Unidos e garantir paz, liberdade e prosperidade na região Indo-Pacífico e além", tuitou Suga.

Irã 

Para o presidente iraniano Hasan Rohani, "o futuro governo dos Estados Unidos tem agora a oportunidade de corrigir erros do passado e voltar ao caminho de adesão aos compromissos internacionais e respeito ao direito internacional", aludindo à atual política de Washington de sanções e "pressão máxima" sobre o Irã após a saída unilateral do acordo nuclear iraniano em 2018.

Fonte: AFP

Afeganistão 

"O Afeganistão espera continuar e aprofundar sua colaboração estratégica multidimensional com os Estados Unidos em contraterrorismo e trazer paz ao Afeganistão", tuitou o presidente Ashraf Ghani. O governo Trump assinou um acordo com o Talibã para selar a retirada das tropas americanas, um pacto que muitos consideraram precipitado.

Espanha 

O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, desejou "sorte" a Biden. "Estamos preparados para cooperar com os Estados Unidos e enfrentar juntos os grandes desafios globais", acrescentou Sánchez.

Itália 

O chefe do governo italiano, Giuseppe Conte, parabenizou "o povo americano e suas instituições por sua excepcional prova de vitalidade democrática".

Irlanda 

O primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, foi um dos primeiros a parabenizar Biden, que descreveu como "um verdadeiro amigo" da Irlanda.

Venezuela 

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que estará "sempre pronto para o diálogo" com os Estados Unidos, país com o qual mantém relações tensas, e parabenizou Joe Biden pela vitória nas eleições presidenciais norte-americanas.

México 

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse neste sábado que aguardará a resolução das "questões jurídicas" das eleições presidenciais dos Estados Unidos para estabelecer sua posição e garantiu que mantém uma relação muito boa "com os dois candidatos".

Iraque 

O presidente Barham Saleh enviou suas "calorosas felicitações" a Biden, a quem descreveu como "um amigo de confiança e parceiro na construção de um Iraque melhor". "Estamos ansiosos para trabalhar para alcançar nossos objetivos comuns e fortalecer a paz e a estabilidade em todo o Oriente Médio", acrescentou.

Cuba 

O presidente cubano Miguel Díaz-Canel saudou o "novo rumo" dos Estados Unidos como resultado de suas eleições e expressou seu desejo de uma relação "construtiva e respeitosa". "Acreditamos na possibilidade de uma relação bilateral construtiva e respeitosa das diferenças", disse.

Arábia Saudita 

O rei Salmán, o último dos monarcas do Golfo a reagir após a eleição de Biden, parabenizou o presidente recém-eleito e expressou "seus melhores votos de sucesso" e lembrou "as relações históricas e estreitas entre esses dois países e povos amigos", disse a agência. Saudita.

O presidente dos EUA, Donald Trump, joga golfe no Trump National Golf Club em 7 de novembro de 2020 em Sterling, Virgínia. - O democrata Joe Biden venceu a Casa Branca, disse a mídia americana em 7 de novembro, derrotando Donald Trump e encerrando uma presidência que convulsionou a política americana, chocou o mundo e deixou os Estados Unidos mais divididos do que em qualquer momento em décadas. (Foto de Olivier DOULIERY / AFP)
O presidente dos EUA, Donald Trump, joga golfe no Trump National Golf Club em 7 de novembro de 2020 em Sterling, Virgínia. - O democrata Joe Biden venceu a Casa Branca, disse a mídia americana em 7 de novembro, derrotando Donald Trump e encerrando uma presidência que convulsionou a política americana, chocou o mundo e deixou os Estados Unidos mais divididos do que em qualquer momento em décadas. (Foto de Olivier DOULIERY / AFP)

Trump não se mostra disposto a admitir a derrota

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou sua conta no Twitter neste domingo, 8, para voltar a questionar o processo eleitoral. Após o democrata Joe Biden vencer na Filadélfia e conseguir os votos para levar a disputa no Colégio Eleitoral, Trump não se mostra disposto a admitir a derrota e tem renovado declarações sobre supostas fraudes na apuração. 

"Desde quando a mídia 'lamestream' diz quem será nosso próximo presidente?", questionou, usando uma expressão pejorativa para se referir à mídia tradicional. "Nós temos aprendido muito nas últimas duas semanas", ironizou. Trump ainda postou, em outra mensagem, um link do site conservador Breitbart sobre supostos problemas na apuração na Geórgia, Estado em que ele aparece atrás de Biden por pequena margem na apuração.

Para Donald Trump, este foi um fim de semana de pesadelo, marcado pela vitória de Joe Biden e pela alegria manifestada por milhares de apoiadores democratas nos arredores da Casa Branca.

Sério, cabisbaixo, com os ombros ligeiramente caídos, o magnata republicano pareceu desesperadamente sozinho neste sábado em seu campo de golfe perto de Washington.

Às 8h20 de sábado, quatro dias depois de uma eleição com resultados demorados, mas já se inclinando a favor de Biden, o presidente lançou uma longa sequência de tuítes fulminantes contra o atraso na contagem dos votos e relatando suposta fraude.

Suas mensagens foram imediatamente sinalizadas como "enganosas" pelo Twitter.

"EU VENCI ESTA ELEIÇÃO, POR MUITO!", foi sua última postagem antes do anúncio da vitória de seu rival democrata.

Às 10h, a comitiva presidencial deixou a Casa Branca sob um céu claro, a primeira saída de Trump desde a noite da eleição na terça-feira. Vestindo calça preta, jaqueta cinza e boné branco com a frase "Make America Great Again", o presidente chegou a seu clube de golfe em Sterling, Virginia.  A decisão foi surpreendente, num momento em que o país e o mundo aguardavam os resultados. Do acostamento, alguém lhe mostrou um cartaz que mais parecia um mau agouro: "Boa viagem". Também ontem ele voltou a jogar golfe na Virgínia e não se ateve ao protocolo de ligar para o vencedor das eleições.

 

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