O colégio eleitoral americano confirmou ontem a eleição de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos. O procedimento é uma formalidade que reitera o que todos já sabiam desde 7 de novembro, quando a apuração apontou que o democrata havia conquistado a Casa Branca com 306 dos 538 votos.
A eleição no colégio eleitoral não costuma atrair as atenções dos americanos. Neste ano, no entanto, com a recusa do presidente, Donald Trump, em admitir a derrota para Biden e a insistência do republicano em questionar na Justiça os resultados, a confirmação ganhou importância.
Ao longo do dia, delegados se reuniram em cada um dos Estados para confirmar a escolha dos eleitores. Nos EUA, o voto é indireto. Na prática, o eleitor elege 538 representantes que, de fato, escolhem o presidente.
Em discurso na noite de ontem, Biden fez nova tentativa de pacificar o país. "Nesta batalha pela alma dos Estados Unidos, prevaleceu a democracia. A fé nas nossas instituições permaneceu. A integridade das eleições está intacta. Agora é hora de virar a página. De unir. De curar."
A votação de ontem transcorreu sem surpresas. Com exceção de Nebraska e Maine, o candidato que recebe a maioria do voto popular ganha todos os votos do Estado no colégio eleitoral. Biden recebeu 81,2 milhões de votos e teve 306 delegados, enquanto Trump conquistou 74,1 milhões de votos e 232 delegados.
Em Michigan, a sede do Legislativo estadual foi fechada para a realização da votação, por razões de segurança. Com receio de protestos, o governo local também assegurou que os delegados teriam escolta policial. Estados cujos resultados foram questionados por Trump, como Pensilvânia, Geórgia, Wisconsin e Arizona, confirmaram a vitória de Biden.
Nos últimos 40 dias, o presidente acumulou fracassos na Justiça, mas não abandonou o argumento de que houve fraude na eleição, sem comprovar a tese. No sábado, 12, apoiadores de Trump fizeram uma manifestação em Washington para pressionar o colégio eleitoral. No domingo, Trump afirmou que a luta ainda não havia acabado.
Ainda há mais uma etapa de formalização da vitória de Biden, antes de ele tomar posse. No dia 6 de janeiro, o Congresso conta oficialmente os votos do colégio eleitoral em uma sessão conjunta entre Câmara e Senado, presidida pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence. Depois disso, Biden toma posse no dia 20 de janeiro.
Muitos congressistas republicanos respaldam as alegações de fraude de Trump, mas alguns estariam dispostos a reconhecer a vitória de Biden após a ratificação do resultado pelo Colégio Eleitoral.
No entanto, não se espera que Trump reconheça a derrota, mas tampouco que se negue a deixar a Casa Branca. Provavelmente, vá evitar se reunir com Biden na tradicional pose juntos.
No fim de semana, ao ser questionado em uma entrevista no canal Fox News se compareceria à posse de Biden em 20 de janeiro, como exigem o protocolo e séculos de tradição, Trump se limitou a responder: "Não quero falar sobre isto". (das agências)