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EI assume atentado que matou 73 em Cabul e Biden promete caçar autores
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EI assume atentado que matou 73 em Cabul e Biden promete caçar autores

Aeroporto de Cabul.
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BIDEN tem ficado cada vez mais sob pressão em meio à crise (Foto: DREW ANGERER / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP)
Foto: DREW ANGERER / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP BIDEN tem ficado cada vez mais sob pressão em meio à crise

Dois homens-bomba se explodiram ontem do lado de fora do aeroporto de Cabul, matando pelo menos 60 afegãos e 13 militares americanos. No apagar das luzes da participação dos EUA no conflito, antes da retirada total das tropas, no dia 31, o ataque causou uma das maiores perdas americanas na guerra.

Em uma conta no Telegram, o autointitulado Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados. Na Casa Branca, o presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu caçar a punir os responsáveis.

"Aos que executaram esse ataque, não perdoaremos nem esqueceremos. Caçaremos vocês e faremos vocês pagarem", disse o presidente americano durante um pronunciamento na Casa Branca, no qual chamou os americanos mortos de "heróis".

Biden disse ainda que pediu ao alto comando "planos" para atacar a facção do EI responsável pela ação - o Estado Islâmico Khorasan (Isis-K). "Responderemos com poder de precisão no momento que quisermos e no lugar que escolhermos."

Biden, que foi eleito com a promessa de restaurar o respeito internacional aos EUA passou o dia trancado com assessores na sala de crise da Casa Branca. O presidente, cuja imagem havia sido arranhada pela vitória do Talibã e pela retirada caótica de americanos do Afeganistão, passou a governar em modo de emergência.

No início da semana, pela primeira vez desde que assumiu, em janeiro, o número de americanos que aprovam seu governo (46,9%) passou a ser menor que os que rejeitam (49,1%), de acordo com a média de pesquisas compilada pelo site Real Clear Politics.

O que ainda pode salvar a reputação do presidente, segundo Charles Franklin, diretor da Escola de Direito da Universidade Marquette, é a impopularidade da Guerra do Afeganistão. "Depois que os EUA retirarem as tropas, a questão é se a maioria ficará satisfeita. Nesse caso, o problema desaparecerá sozinho", disse.

À reportagem, Fausto Godoy, coordenador do Centro de Estudos das Civilizações da Ásia da ESPM-SP e ex-embaixador do Brasil no Afeganistão, disse que o governo americano está perdido. "Os americanos não fazem a menor ideia de onde se meteram em 2001 e não têm ideia do que será esse período a partir de agora."

As duas explosões foram no Portão Abbey, uma das principais entradas do aeroporto de Cabul, e no Hotel Baron, a poucas quadras de distância. Elas dizimaram famílias que esperavam desesperadamente pegar um dos últimos voos para fugir do país, que passou a ser controlado pelo Talibã desde a semana passada.

O número de americanos mortos foi confirmado pelo general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA. Ele disse que mais 14 soldados ficaram feridos e alertou que o ataque pode não ser o último. "Temos outras ameaças ativas contra o aeroporto", disse. Segundo uma autoridade médica afegã, além dos militares, pelo menos outras 60 pessoas morreram e 140 ficaram feridas.

Horas depois das explosões em Cabul, o EI usou uma conta no Telegram para assumir a autoria dos atentados. Um funcionário do governo americano, na noite anterior, já havia alertado a respeito de uma ameaça "específica" e "real" ao aeroporto por parte do Isis-K, tanto que muitos governos ocidentais começaram a pedir que as pessoas a deixassem a área.

O novo regime afegão condenou o ataque e autoridades americanas disseram que não acreditam que o grupo esteja por trás das explosões - o que coloca os EUA e o Talibã diante de um inimigo em comum pela primeira vez desde que lutaram juntos contra os soviéticos, nos anos 1980. (com agências internacionais)

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