Não bastasse a árdua tarefa de substituir a chanceler Angela Merkel, dona de um prestígio político mundial e de alta aprovação interna na Alemanha, o novo governo alemão que se inicia na próxima semana terá a missão de conter a quarta onda da pandemia de Covid-19 no país. Na esteira do aumento preocupante de casos e da nova variante ômicron, a pandemia dos não vacinados é o primeiro degrau a ser superado pela nova administração alemã.
Na última quinta-feira, 2, a Alemanha decretou lockdown para pessoas que não se vacinaram. A ainda chanceler Angela Merkel e o seu sucessor, o social-democrata Olaf Scholz, conversaram com os governos dos 16 estados da federação para firmar a restrição de acesso dos não vacinados a todos os serviços considerados não essenciais.
Com menos de 70% da população imunizada, a Alemanha de Merkel falhou em convencer parcela da sociedade da necessidade da vacinação. Atualmente, estima-se que mais de 15 milhões de adultos na Alemanha se recusam a tomar a vacina ou ainda não decidiram. A medida é vista como uma alternativa ao fechamento geral de serviços, o que geraria novos prejuízos econômicos num momento, ainda, de recuperação.
Países vizinhos como Áustria e Suíça registram números similares de não vacinados, que só aumentam conforme se olha para os países do Leste Europeu. Não à toa, a atual onda de Covid-19 na Europa começou a ser chamada de pandemia dos não vacinados.
Graças às vacinas, e apesar do aumento de casos, a mortalidade na Alemanha é cerca de um terço do que era há um ano, mas os hospitais começaram a ficar sobrecarregados, fazendo com que as equipes deixassem outras doenças em segundo plano. O novo governo alemão já mostrou-se favorável ao plano de tornar a vacina obrigatória e também já anunciou a intenção de destinar um bilhão de euros para a área da saúde quando assumir.